Facilitar o acesso às armas de fogo é dificultar paz na favela e no asfalto.
71% dos homicídios no Brasil são causados por armas de fogo, e a liberação das armas aumentaria a taxa de mortes em 12% de acordo com o Atlas da violência 2018.
Segundo a pesquisa Global de Mortalidade por Armas de Fogo (Global Mortality fron firearms, 1990 – 2016), o Brasil tem uma morte a cada 11 minutos, todos os dias causada por armas de fogo. Nosso país soma aproximadamente 153 vítimas fatais por dia, número equivalente a tragédia de um avião modelo boing 737 lotado. Esses números refletem a desigualdade social brasileira, uma vez que 71,5% das vítimas são negras, entre 19 e 31 anos.
De acordo com o professor Cézar Bueno, doutor em sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o estatuto do desarmamento impede que esse número seja ainda maior “ Nos 10 anos analisados na pesquisa, apenas 4 mortes por armas de fogo, foram catalogadas como legitima defesa, e os 4 disparos partiram de policiais, ou seja detentores legais das força armada. As outras mais de 40 mil mortes, foram motivadas por brigas pessoais, vingança, disparos acidentais, ameaças, suicídios”. Ainda segundo o professor o fácil acesso a armas de fogo também aumenta o gasto com a saúde pública, pois as lesões causadas exigem socorro imediato, internamento e muitas vezes geram sequelas permanentes. O departamento de estudos da violência urbana da UFPR, afirma, que apesar da alta aderência da população em votos a Jair Bolsonaro, candidato que defende a liberação de armas de fogo para a população, a última pesquisa de opinião conduzida pelo Atlas Político, em julho de 2017, constatou que 59,7% dos brasileiros são contra a ampliação da autorização do porte armas no país, enquanto apenas 32% são a favor. A pesquisa também indica que 78,9% dos brasileiros nunca manusearam uma arma e que 83,6% apontaria uma arma, caso visse um cidadão armado causando confusão, o professor Cezar lembra do atentado a facadas contra o candidato que defende o porte de armas “ Uma proliferação de armas ali seria perigosa não só para o candidato, mas para todos. ” Afirma Bueno.
O candidato que vende ódio e o extermínio das minorias políticas no país também tem interesses provados na comercialização das armas. Desde março desse ano, o candidato junto aos seus filhos participam de propagandas da empresa Tauros, principal fabricante de armas do Brasil. Além da família Bolsonaro ser a principal atração das propagandas da empresa, seu filho e o próprio Jair Bolsonaro já afirmaram terem interesses em investir na fabricação de munições. E para isso agem com fervor dentro do Congresso Nacional, propondo a redução da idade mínima para compra de armas de 25 anos para 21 anos, propondo um novo plebiscito para o porte de armas de fogo e criando propostas de que dificultam a redução da desigualdade e o acesso dos pobres a bens como cultura, lazer, educação e moradia.
A liberação das armas de fogo vai matar quem?
Após as constantes declarações de Jair Bolsonaro para posse de armas declarações como “ quando o Bolsonaro ganhar você não vai mais estar viva” tem sido constante. Maria Letícia Fagundes, diretora do instituto “Mais Marias”, que acolhe e encaminha mulheres vítimas de violência doméstica, afirma que mesmo sem o porte de arma legalizado, chegam a ONG cerca de 60 casos anuais de mulheres feridas ou vítimas fatais de armas de fogo, somente em Curitiba e região metropolitana. A situação também se agrava para casos de homofobia Márcio Marins, diretor da Associação Paranaense da Parada da Diversidade (APPAD), possui o mesmo temor “ a população LGBTI é espancada, arrastada pelo asfalto, esfaqueada e morta diariamente, somente nessa semana pós segundo turno, tivemos uma mulher uma transexual aqui em Curitiba arrasta por um carro no asfalto por 20 metros, a Dora está na UTI em estado gravíssimo, também tivemos nos dias das eleições um casal de gays espancados dentro da Universidade Federal, ambos os casos tiveram gritos a favor do “mito” durante as agressões. Se já resistíamos em apenas existir antes, agora está muito pior”. Carla Ferreira, liderança da Ocupação por moradia Nova Tiradentes, também afirma que a possível eleição de Jair Bolsonaro ameaça as mais de 20 mil pessoas que moram ali. “ No início deste ano, passou uma caminhonete com jovens de classe alta atirando para cima com revolveres e gritando “morte a vocês porcos invasores, vamos matar todos os miseráveis de Curitiba”, até agora não ouve investigações e vimos comentários na internet incentivando esses jovens, a população daqui da comunidade está com medo. ”