Não é de hoje que a criminalidade está instalada nas favelas do Rio de Janeiro, mas há muitos anos, justamente pelo descaso do poder público. As últimas tentativas de reduzir isso foram os PPCs – Postos de Policiamento Comunitário, o GPAE – Grupamento de Polícia para Áreas Especiais e, recentemente, imitando tudo que já havia acontecido antes, as UPPs – Unidades de Polícia Pacificadora. Todos são um verdadeiro estupro do Estado, uma vez que sempre entram nas favelas sem o mais importante: o social. Educação, cultura, saneamento, lazer? Pra quê, não é?
Não é a primeira vez que chamam as forças armadas em nosso estado. A polícia, por outro lado, entra nas favelas de forma desorganizada e sempre mata inocentes. Não há nenhuma inteligência e, sim, muita brutalidade na operação policial que acontece desde o dia 11, no Jacarezinho para claramente vingar a morte de um policial, ocasionando a morte de um comerciante na terça. Essa é uma “guerra” que a população das favelas, ou seja, milhões de pessoas, vivem todos os dias há anos.
Criar uma editoria que afirme que estamos em guerra só ajuda a justificar o que a polícia sempre fez, porém, com o aval da própria imprensa: atira primeiro, pergunta depois. É assim em uma guerra, existe permissão para matar – mesmo que tácita, porque, em uma guerra, todas as piores atrocidades se tornam justificáveis por um “bem maior”, para que a tal “guerra” seja vencida. Não pode existir guerra em nosso próprio território sem que seja, de fato, decretada.
Não consigo ver um bom final para essa situação se a própria imprensa se acostumar e corroborar com esse termo. Só consigo ver dias muito sombrios, com muitas mortes de inocentes, principalmente nas favelas.
Artigo parcialmente publicado na edição de 17 de agosto de 2017 no Jornal Extra.