Semana passada aconteceu um caso de racismo com um estudante de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV), João Gilberto Pereira Lima, onde ele foi fotografado por outro aluno, que compartilhou a imagem em um grupo de Whattsapp com a frase “Achei esse escravo no fumódromo, quem for o dono avisa”.
Na sexta-feira (9), João prestou depoimento e o aluno foi suspenso por três meses. Veja bem. Foi uma pena bem leve, comparada a atitude racista do rapaz. Mas se o caso tivesse a mesma repercussão como foi o de William Waack, que nos bastidores do Jornal da Globo usou um comentário em sua conversa “Isso é coisa de preto”, teria uma punição mais rigorosa? Num país como o nosso, que vive um racismo implícito e até sutil, com exceção da polícia, que segue um estereótipo racista, hoje ainda é comum ver o ódio ao negro disseminado e com a liberdade que a rede social oferece. Vemos o ódio declarado em comentários de páginas de mídias e afins. Há quem diga que o racismo não exista, haja vista que o conceito de raça como divisor de classes nasceu na França pra teoria de supremacia branca que serviu pra explorar e escravizar outras raças.
O Brasil é o país que mais mata negros. O número de negros no sistema prisional é maior que a média da população de negros do país. Nas universidades, os negros representam um número inferior. Um negro e um branco em um mesmo cargo tem salários diferentes em diversas empresas. Os negros são mais presentes em cargos subalternos como no passado. A diferença é que hoje o sistema teve algumas alternâncias, porém o mecanismo opressor continua sendo aquele que do passado: quem não aceita ser explorado, acaba cometendo crime e no presídio vai ser uma mão-de-obra explorada pra ter redução na pena. Então, o racismo seria de fato vitimismo?
Entretanto, o que é mais frustrante de ver são negros oprimindo outros. Porque há aqueles que amam o opressor e banalizam o oprimido, não reconhecendo no outro a mesma classe racial ou étnica. A polícia militar do Brasil, uma das que mais matam no mundo, é uma das que mais morrem também e o corpo policial em grande parte é composto de negros, representando aquilo que um dia foi o capitão-do-mato, que afugentava o escravo que se rebelava e o castigava com tronco e pau-de-arara.
O racismo é um tema que precisa ser debatido e combatido, porque, como diz a letra do grupo de rap A286, “negros e pobres nos holofotes do cinema, ainda não nos livraram dos holofotes da polícia”. A representatividade de negros nas universidades e fora dos cargos subalternos é fundamental para que se possa diminuir a distância do abismo social em que vivemos.