O Projeto De Olho no Lixo, resultado da cooperação técnica entre a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e o Viva Rio Socioambiental, com recursos da Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), teve seu terreno, na localidade conhecida popularmente como “Roupa Suja”, na Rocinha, desapropriado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (16).
Atuando na Rocinha desde 2016, o projeto realiza o trabalho de manejo correto dos resíduos sólidos, visando a minimizar ao máximo o impacto negativo provocado pelo lixo na localidade, tendo retirado, até o presente momento, 3.400 litros de óleo de cozinha reciclado e 888 toneladas de resíduos sólidos em pontos estratégicos da comunidade. Atualmente, o projeto também acolhe uma classe de alfabetização para adultos e aulas de inglês para os cooperados.
A Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) não receberam qualquer solicitação ou notificação no sentido de cessão do espaço para a Prefeitura da Cidade do Rio de janeiro, nem autorizou a retirada do material do projeto no local. Reforçam ainda que a ação foi arbitraria e desrespeitosa com os moradores e todos os envolvidos do projeto. O órgão estadual ambiental, junto com a Secretaria de Estado do Ambiente tomarão as medidas legais cabíveis para a permanência do projeto no local.
Em nota, a coordenação do projeto lamentou o ocorrido. “A SEA e o Inea sentem profundamente pela forma violenta dispendiosa que tudo aconteceu hoje (16) na Rocinha, o que levou surpresa e medo aos moradores do local”.
Além da coleta de lixo, realizada por 30 agentes socioambientais, o projeto também atua no eixo da educação ambiental, cultura e comunicação, através dos cursos Funk Verde, com oficinas de percepção sonora, confecção de instrumentos musicais a partir da reutilização de resíduos sólidos; e do Ecomoda, onde os jovens aprendem a confeccionar roupas, bolsas e acessórios reutilizando jeans usados, retalhos, banners e até CDs. Nas aulas realizadas na Rocinha, já foram produzidos cerca de 80 instrumentos musicais e mais de 400 peças de vestuário, entre calças, vestidos, blusas, bolsas e acessórios, foram criadas.
“Somos de uma instituição do Governo Estadual. O Projeto De Olho no Lixo na Rocinha tem um saldo muito positivo na área musical e da moda. Nada disso foi considerado, tampouco respeitado”, ressalta o estilista Almir França, coordenador do curso Ecomoda.
“Aqui na Rocinha, já produzimos em torno de 80 instrumentos musicais, além da vasta formação humana. Formamos músicos e pessoas melhores. Temos que educar o nosso olhar para os resíduos.”, fala Regina Café, coordenadora do Funk Verde.
Atualmente, através da SEA e do Inea, haviam participado do Projeto Protetores dos Parques, ministrando aulas de educação ambiental e arte-educação em moda e música, com oficinas do Ecomoda e Funk Verde, para jovens com idade entre 15 e 29 anos, moradores de comunidades situadas nas zonas de amortecimento dos Parques Estaduais da Lagoa do Açu, no Norte Fluminense; dos Três Picos, na Região Serrana do Rio; e do Desengano, também no Norte do Estado.