Em pouco mais de 100 dias de governo, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) vê sua popularidade despencar à boca pequena. Eleito pela maioria dos moradores das favelas, Crivella se distancia das bases populares com atitudes que causam estranhamento na população do Rio de Janeiro. Claramente, ele patina sem rumo, sem plano de gestão, cometendo erros primários, típicos de quem não se preparou para a missão. A questão é que seus erros atrapalham a vida dos cariocas.
Marcelo Crivella, numa de suas primeiras polêmicas enquanto prefeito, nomeou, em um claro erro de gestão, seu filho pra a Casa Civil. Tratou-se de um caso de nepotismo, impedido pelo Ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), através de liminar que suspendeu a nomeação de Marcelo Hodge Crivella para o cargo de secretário-chefe da Casa Civil. O prefeito recém-eleito também se recusou a entregar a chave da Cidade ao Rei Momo, quebrando uma tradição de décadas no carnaval carioca.
Ele ainda suspendeu o Bilhete Universitário, deixando a pé milhares de estudantes. Mesmo depois da liberação do bilhete, o serviço ficou precário, e a qualquer momento pode ser cancelado, sem nenhum aviso. Vale lembrar que, a cada dia de Bilhete Universitário suspenso, a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) alcança um lucro milionário, alvo até mesmo de investigações na Operação Lava-Jato).
Direitos adquiridos também não têm sido respeitados pela nova administração. Nem mesmo alguns dos editais selecionados pela Secretária Municipal de Cultura foram pagos aos vencedores, trazendo a indignação da classe artística. Todos sabem que a atual secretária de cultura Nilcemar está sozinha, nadando contra a corrente. O candidato que se elegeu com o voto da favela, ao se mudar para a Casa Oficial do Prefeito da Cidade, também está tratando de fazer uma muralha na mata para se manter longe do terreno da Favela Santa Marta, afinal, existe o medo de possível invasão da propriedade por parte dos “favelados”.
E se algum jornalista denunciar as irregularidades de seu governo, é punido com braço forte. Este foi o caso do jornalista do Caio Barbosa, demitido do Jornal O Dia por causa de uma reportagem sobre a ineficácia da gestão da saúde pública da cidade no caso da vacinação da febre amarela. O texto foi retirado do ar rapidamente. Nem a logomarca nova da Prefeitura escapou: Crivella cometeu crime ao criar sem edital público uma logo que era parecida com a marca de sua campanha política. Depois de fiscalizado pelo Ministério Público, voltou atrás.
Nas escolas municipais, o cardápio rico e variado agora se resume a frango. A carne vermelha passou a ser semanal, o peixe semanal passou a ser mensal. A falta de planejamento e perspectiva da solução da crise social, levou o prefeito a uma decisão radical: blindar as escolas, assumindo a violência como norma em vez de investir em projetos de transformação social através da cultura, esportes e educação.
Ou seja, o Rio de Janeiro é uma nau sem rumo, cuja população está prestes a dar com os burros n’água. Esse barco pode afundar com todos nós dentro. Salve-se quem puder!