Estudantes de vários estados trocam experiências com moradores do Bairro da Paz através da arte e cultura.
A 11ª edição da Bienal da UNE- União Nacional dos Estudantes que aconteceu entre os dias 06 a 10/02 trouxe para Salvador milhares de estudantes de diversos estados brasileiros. Por alguns dias eles experimentaram um pouco da rotina soteropolitana, cheia de baianidade, se bronzearam num calor que parece ter um sol pra cada pessoa, degustaram da culinária, visitaram pontos turísticos e alguns bairros da cidade.
E na Sexta-Feira (08/02) cerca de 50 estudantes foram seduzidos a conhecer o Bairro da Paz e vivenciar um dia do local por meio da produção artística/social e cultural. Logo na recepção teve música, dança, bate papo e a simpatia dos moradores e integrantes do Grupo Étnico Cultural da Bahia, antes das oficinas. A proposta de visitar o Bairro da Paz estava dentro da programação do Lado C da Bienal.
Os estudantes foram recepcionados com música, dança,ciranda, manifestações culturais de boa vindas realizadas pelo Coral Etnia da Paz, sobre a regência do músico Sidney Argolo. Momento de entrosamento e interação.
Dentre as atividades propostas na programação foram realizadas oficinas de percussão, canto, dança, construção de instrumentos musicais, artesanato, também houve momento do turismo comunitário, apresentação artística nas praças, cortejo nas ruas e um bate papo com mobilizadores locais contextualizando o bairro.
“Foi uma experiência incrível, pois nos permitiu vivenciar um pouco do dia a dia da comunidade e quebrar aquele paradigma de que na comunidade “favela” só existe malandragem, bandidagem coisa que não presta. Esse projeto me permitiu vivenciar uma experiência incrível onde pude obter um pouco de conhecimento dessa cultura tão linda que é a cultura afro, eu vejo esse projeto como uma segunda chance aqueles que estão perdidos na vida onde muitas vezes procuram o que não presta por falta de pessoas que lhes dêem conhecimento e lhes mostrem o caminho certo.” Relato de Iara Pinheiro, 21 anos, estudante do 7° semestre de Ciências Econômicas, que reside em Olho d’água das flores em Alagoas.
O projeto no qual Iara se refere é do Grupo Étnico Cultural da Bahia, idealizado pelo músico, instrutor e orientador social Sidney Argolo. Uma iniciativa social voluntária de acolhimento e empreendedorismo Social, que oferece oficinas de Leituras, Poesias, reforço escolar, Canto Coral, Oficinas de Percussão, Artesanato, Música, e com a participação de crianças, adolescentes e jovens foi criada a Orquestra de Xequerês e o Coral da Paz Etnia.
Segundo Sidney todas atividades tem o objetivo de incentivar as pesquisas artísticas e confecções de instrumentos musicais tradicionais, preservando a identidade cultural afro-brasileira na comunidade do Bairro da Paz, projeto sociocultural neste lugar em estado de vulnerabilidade social, e tem como lema a inclusão social de crianças e jovens através das Artes.
Para Aldenor Nascimento de 24 anos, vindo de São Luís- MA, onde cursa Engenharia da Computação no 6° semestre, diz que embora a idéia inicial não fosse realizar essa visita no bairro, acabou superando todas as expectativas, no ponto de vista positivo. O conhecimento sobre a cultura e a raiz da Bahia através de um projeto social com músicas danças, oficinas, instrumentos de percussão, palestras, dentre outros. Não falando só por mim, mas em nome do grupo, só temos a agradecer pelo dia maravilhoso e acolhedor, pois o Bairro da Paz nos recebeu de braços abertos. Experiência única que jamais será esquecida. E pra encerrar sua fala Aldenor recita um trecho da canção que aprendeu: “Balança mais não cai, balança mais não cai, essa é a galera do Bairro da Paz!”.
O Coral da Paz Etnia, integrou a programação da 11ª Bienal da UNE, para o educador Sidney Argolo foi importante juntar as experiências e fortalecer o intercâmbio do festival da juventude da América Latina com apresentações artísticas e promover a cultura local, com arte, ciência e tecnologia na comunidade, numa construção dos processos de cidadania e participação, referendando um encontro de festa e luta, discutindo juntos os desafios que a juventude dos brasis, contribuindo com opiniões e pontos de vista com jovens do Bairro da Paz.
Os estudantes estavam acompanhados do Monitor Ronald Castro, 22 anos, que expressa desta maneira essa experiência: “Foi muito interessante, e fortalecedor para todos e todas a visita ao Bairro da Paz, nos fez perceber que cultura é plataforma de transformação e inclusão social. Projetos como esse faz com que tenhamos mais ânimo pra continuar na luta.
Cooperaram diretamente nessa produção:
Aldenor Nascimento, Iara Pinheiro, Ronald Castro, Sidney Argolo e Valdinei Santos.
Cobertura colaborativa entre o Bairro da Paz News e a Agência de Notícias das Favelas.
Agradecimento a todos envolvidos nessa ação.
“Balança mais não cai, balança mais não cai, essa é a galera do Bairro da Paz!”.