No dia 1º de novembro, o Marco Zero de Recife foi ponto da 13ª Caminhada dos Terreiros. O encontro aconteceu com o objetivo de promover o fortalecimento e a união dos povos de terreiro para reafirmarem o seu espaço na sociedade.
A caminhada seguiu com veículos de som pela Av. Marquês de Olinda; Ponte Maurício de Nassau; Av. Martins de Barros, passando pelo Palácio dos Campos das Princesas. Acessou a Rua do Sol, depois a Av. Guararapes. Em seguida continuou pela Av. Dantas Barreto, concluindo o seu percurso no Pátio de São Pedro. Lá havia um palco para a representação da abertura do dia da Consciência Negra, por meio da Jurema Sagrada.
Pai Tata Francisco compõe a organização do evento e informou um pouco sobre a caminhada. “Todos nós estamos muito contentes. Temos mais de cinquenta pessoas que compõe a organização da caminhada todos os anos, e todos que estão conosco e que fazem parte desta realização estão de parabéns”.
Pai Antônio, com 40 anos de jurema, começou a celebração da reunião esclarecendo sobre a cura que a religião promove, dando o exemplo da fumaça do cachimbo. Em seguida, atribuiu cantos a Exu e aos Caboclos. Na Umbanda, Exu é o Orixá que orienta, por meio de seus guias, os que o procuram. Os caboclos são parte desses guias, repletos de força espiritual, dispostos sempre a ajudar.
Pai Vado de Pau-Ferro (mais conhecido como Pai Vado de Areias), 48 anos, esteve na caminhada e cantou junto a outros representantes de matriz africana. Ele comentou sobre a valorização da caminhada e do relacionamento da sociedade com os povos de terreiro.“É a nossa decima terceira caminhada, lutando por nossos direitos de estarmos inseridos na sociedade com respeito à nossa tradição, pois vivemos um estado laico”. Pai Vado falou ainda sobre o momento em que se deparou com a caminhada. “Eu conheci a Caminhada de Terreiros num dia de trabalho. Eu trabalhava no centro da cidade. E quando vi a caminhada, eu me senti parte dela”.
Diante da diversidade religiosa vivida pela sociedade, a 13ª Caminhada de Terreiros de Pernambuco é representada pela força coletiva das religiões de matriz africana para compartilhar de suas crenças, mostrando, nas palavras de Pai Vado, que “todas as pessoas têm o direito de seguir o que quiserem, só não têm o direito de serem intolerantes com o que não conhecem”.