O dia de hoje é marcado pela história de duas mulheres com grande importância nas lutas sociais, principalmente antirracista. Em 14 de Março de 2018 a vereadora Marielle Franco foi assassinada e até hoje o caso segue com muitas perguntas em aberto.
Já nesta data no ano de 1914, nasceu Carolina Maria de Jesus, uma das primeiras escritoras negras reconhecidas no Brasil.
Criadas em subúrbios brasileiros, ambas vivenciaram em épocas e territórios diferentes as opressões que atravessam as estruturas sociais e como antingem principalmente aqueles que foram colocados à margem da sociedade, como as mulheres, os favelados, negros, indígenas e a comunidade LGBTQIA+
Carolina Maria de Jesus se mudou de Minas Gerais para São Paulo aos 23 anos com seus três filhos que sustentava trabalhando como catadora de lixo. Entre os objetos que recolhia durante a ronda, guardava principalmente os cadernos que encontrava. Foi neles que registrou seu cotidiano e das pessoas que residiam em seu entorno.
No ano de 1960 lançou o livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, que se tornou, rapidamente, um best seller tanto no Brasil quanto no exterior. A autora registrava com detalhes a realidade de vida das pessoas invisibilizadas pela sociedade, de forma crítica, poética e com uma linguagem bastante particular ao mesmo tempo.
Marielle Franco, que se apresentava honrosamente como “cria da Maré”, nasceu e foi criada em uma favela do Complexo da Maré, trabalhou ainda na infância como camelô com os pais, entre outras profissões para pagar seus estudos. Se tornou educadora, socióloga, e entre muitos feitos durante sua carreira política, coordenou a Comissão dos Direitos Humanos e da Cidadania da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.
Era assumidamente bissexual e militante das causas LGBTQIA+. Sua postura firme e determinada se mostrava uma ameaça à aqueles que seguem resistindo e perpetuando preconceitos estruturais. Teve sua vida tirada de uma forma brutal a partir de um atentado; mas se tornou potência para levantar a voz da sociedade de criticar principalmente a brutalidade estatal, social e, sobretudo da polícia a grupos específicos.
O Instituto Marielle Franco e a Anistia Internacional Brasil fizeram uma coletiva de imprensa online, no dia 12 de março (sexta) onde apresentaram uma série de ações exigindo justiça para o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O legado da vereadora é constantemente relembrado e permanece vivo em movimentos sociais.
Marielle e Carolina foram mulheres de força e coragem, que construíram suas próprias narrativas e nutriram sementes que reverberam em obras artísticas, em base para estudo de diversas causas e principalmente em força para as lutas a respeito da população excluída e da desigualdade social no país.
“Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpático para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos. (…) E, assim, no dia 13 de Maio de 1958, eu lutava contra a escravatura atual – a fome!” DE JESUS, Carolina Maria. Quarto de despejo,1960.
“Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra aos pobres acabe?” FRANCO, Marielle. No Twitter, um dia antes de seu assassinato.
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