Por Francis Ivanovich*:

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o Brasil possui 11.403 favelas, onde vivem cerca de 16 milhões de pessoas em um total de 6,6 milhões de moradias. Vale ressaltar que esses números podem ser alterados para cima, pois foram colhidos em 2022, na gestão desastrosa do governo anterior.

De qualquer maneira, a realidade é que nessas comunidades vivem milhares de trabalhadoras e trabalhadores que acordam cedo, enfrentam transporte precário em suas cidades, são explorados, e muitos dos seus direitos, enquanto cidadãos, não são respeitados.

Não poderia deixar de falar sobre as trabalhadoras e os trabalhadores que fazem o Brasil girar, neste 1º de maio. Dia a dia eles movimentam a economia, geram riqueza, produzem conforto, bem-estar e sequer podem usufruir completamente o fruto do seu suado trabalho. Esse quadro tem nome, desigualdade. A desigualdade é mãe da injustiça, e como herança deixa para toda a sociedade o atraso.

As favelas brasileiras, territórios potentes, latentes e criativos, ainda não foram contempladas com a justiça social que têm direito. Urge que os serviços essenciais como saúde, educação, cultura, etc. ocupem esses territórios periféricos que são lares de milhares de trabalhadoras e trabalhadores que só desejam viver em paz, com qualidade de vida, e dignidade.

Quando olhamos para o conjunto de casas que formam esse mosaico territorial fantástico, estamos olhando para a história de um povo que muito trabalha, luta, com uma capacidade de superação impressionante, potencial sem igual de crescimento. O Brasil nunca será um grande país enquanto ignorar esses territórios e sua população, a autêntica alma brasileira, forjada na luta contra a exploração, o preconceito e o ódio.

A extrema-direita já entendeu que esses territórios valem “ouro” para seus objetivos enferrujados, não é por acaso que suas estratégias de comunicação perpassam pela religião, pela culpa. Cabe aos que amam e preservam a democracia, respeitam o Brasil, dar voz e condições de vida para essa maravilhosa população que é relegada.

Daí a responsabilidade de veículos de comunicação como a Agência de Notícias da Favela – ANF, meio que possibilita e incentiva o diálogo entre as trabalhadoras e os trabalhadores que compõem a população das mais de 11 mil comunidades periféricas espalhadas pelo país.

Que este 1º de maio seja mais que um simples dia de feriado, apenas data comemorativa e festa; mas que seja também dia de reflexão e ação sobre a insuportável desigualdade social brasileira que atinge milhões de trabalhadoras e trabalhadores todo santo dia.

*Francis Ivanovich é jornalista, cineasta, produtor cultural, editor Sul/Sudeste ANF.

(Foto de Rafael Campos – GOVRJ)