Imagem: Reprodução

Nesta quarta-feira (08), a Agência de Notícias das Favelas (ANF) comemora 24 anos de história, marcando seu papel como a primeira Agência de Notícias de Favelas do mundo. Fundada em 2001 pelo jornalista André Fernandes, a ANF foi reconhecida internacionalmente pela agência Reuters como pioneira no segmento, tornando-se referência na democratização da informação e na valorização das vozes periféricas.

Desde sua criação, a ANF tem se destacado pela sua missão de transformação social, produzindo conteúdos jornalísticos e promovendo iniciativas que impactam diretamente a vida de moradores de favelas em todo o país. Através de matérias escritas por ativistas e colaboradores voluntários das comunidades, a agência utiliza seu portal de notícias e plataformas como Instagram e YouTube para levar narrativas locais ao mundo.

Um dos principais projetos da ANF é o jornal “A Voz da Favela, o maior impresso do país no segmento, com tiragem mensal de 50 mil exemplares que circulam pela cidade do Rio. Além de informar, o jornal é uma ferramenta de geração de renda para voluntários, que recebem uma remuneração colaborativa, doada pelo leitor pela distribuição dos exemplares.

Outro destaque é o Minidoor Social, uma solução reconfigurada do outdoor – painel publicitário que não cabe nas vielas – com ciclo de vida sustentável que gera renda direta para os moradores, além de fortalecer o protagonismo das comunidades.


Expansão e consolidação do Grupo ANF

Com o passar dos anos, a ANF ampliou sua atuação e deu origem ao Grupo ANF, que hoje é composto por três importantes pilares:


ANF Produções: Braço empresarial responsável pela sustentabilidade financeira do grupo. Oferece soluções de comunicação através da produção audiovisual, serviços de publicidade impressa (jornal), digital (portal de notícias), sonora (carro de som) e mídia externa (Minidoor Social).

Foto autoral retirada no Complexo do Alemão / Campanha realizada em parceria com o Ministério da Cidadania.


Instituto Data ANF: Dedicado à produção de dados sobre as favelas brasileiras, foi responsável, por exemplo, pela pesquisa de intenção de votos em favelas cariocas em 2024, revelando realidades muitas vezes invisibilizadas.

Foto autoral da pesquisa de campo, realizada pelo Instituto Data ANF em agosto de 2024, de intenção de voto para a Prefeitura do Rio, registrada no TSE.


Editora Casa da Favela: Com foco na valorização da literatura periférica, a editora já publicou quatro títulos autorais, sendo eles: Perseguindo um Sonho: A história da fundação da primeira agência de notícias de favelas do mundo, 400×1 – Uma História do Comando Vermelho, Cultura Viva Comunitária – Políticas Culturais no Brasil e na América Latina e Novos Rumos da Comunicação Comunitária no Brasil.

Foto autoral dos títulos publicados pela Editora Casa da Favela

A editora, anteriormente conhecida como ANF, teve sua atuação fortalecida com o projeto Casa da Favela, que surgiu com a missão de ser um espaço gratuito dedicado à promoção da arte, da cultura e literatura, com ênfase no protagonismo da narração das favelas pelo próprio individuo, e que marcou presença significativa em duas edições da Feira Literária de Paraty (FLIP).


Reconhecimentos e impacto social

Ao longo de sua trajetória, a ANF recebeu importantes prêmios e honrarias, como os títulos de Utilidade Pública municipal e estadual, o diploma Heloneida Stuart de Cultura, e as medalhas Pedro Ernesto, Tiradentes e Oswaldo Cruz, reconhecendo sua contribuição à cultura e à sociedade.

Entre os projetos marcantes estão o curso de formação da RACC – Rede de Agentes Comunitários de Comunicação e o I Encontro Latino-americano de Comunicação Comunitária, que consolidaram a agência como uma ponte para o intercâmbio de saberes e a integração de comunidades.

Atualmente, o Grupo ANF conta com cerca de mil colaboradores voluntários em todo o Brasil, com sedes no Rio de Janeiro e em Salvador, atuando como uma rede colaborativa que preenche lacunas informativas e fortalece a representatividade das favelas no cenário nacional e internacional.