Por Gabrielle Teles e Jonas Linhares
Com o descaso governamental e a precariedade de políticas públicas, alguns moradores da Zona Oeste cansaram de ficar de braços cruzados e procuram efetivar o protagonismo na própria região. Assim nasceram três iniciativas que recuperam e enaltecem a identidade local: o Ecomuseu de Sepetiba, o Movimento Territórios Diversos – Associação Cultural e o Pré-Vestibular de Santa Cruz, projetos presentes nos bairros de Sepetiba, Nova Sepetiba e Santa Cruz, respectivamente.
Conheça abaixo um pouco sobre cada um deles.
Ecomuseu de Sepetiba
O Ecomuseu de Sepetiba foi fundado em 2008 por Bianca Wild, no aniversário de 441 anos do bairro. O museu não possui sede, mas se faz no próprio território e é definido como um local de memória viva formado pelos moradores.
O projeto tem como principal finalidade despertar a população local para a importância da preservação e conservação do patrimônio existente na área, seja ele histórico, natural, cultural, material ou imaterial. Além disso, busca difundir a memória e a história local, elementos fundamentais para a elevação da autoconfiança de quem vive na região.
São realizadas diversas atividades: o passeio de reconhecimento, realizado sempre no primeiro domingo do mês, é uma delas, assim como programas de educação patrimonial em parceria com escolas locais, principalmente, o Ciep Ministro Marcos Freire e a Escola Municipal Nair da Fonseca, e ações de conscientização e limpeza na praia de Sepetiba.
Mais informações sobre os passeios e sobre o projeto na página do EcoMuseu.
Movimento Territórios Diversos – Associação Cultural
Ao ver muitos jovens, inclusive o seu próprio filho, crescerem em uma região sem nenhuma perspectiva cultural e com dificuldades na mobilidade para todas as oportunidades que a cidade oferece, a professora de literatura Elizabeth Manja fundou o projeto Movimento Territórios Diversos. Trata-se de uma entidade cultural formada por uma equipe de colaboradores voluntários, localizado em Nova Sepetiba, conjunto habitacional constituído pela união de antigos moradores de favelas removidas pelo público.
Para contornar esses problemas, Elizabeth criou um evento, o Sarau Estação 67, que acontece na praça da comunidade. A ação tem o objetivo de reunir, dialogar e ecoar a voz dos jovens, descobrindo talentos que antes não haviam sido potencializados. O sarau já é tradicional em Sepetiba, acontecendo desde 2013. A cada dois meses, reúne os jovens locais, artistas, cineastas e escritores que vêm de toda a cidade para apresentar seus trabalhos, dialogar e conhecer também a arte e cultura de quem vive na região.
O grupo de jovens que hoje faz parte do projeto já começou a ter seu talento reconhecido. Prova disso foram as apresentações em diversos eventos e espaços culturais fora da comunidade, como o Quiosque da Globo, FLUP Slam Colegial, Arena Cultural Chacrinha, entre outros. E o movimento não para de crescer: no último semestre, nasceu a Cia. D’Teatro MTD, formada por um elenco de jovens atores e que recentemente foi classificada para participar do Festival Moacyr Teixeira de Teatro Amador da Zona Oeste, que aconteceu em Santa Cruz no dia 16 de dezembro.
Mais informações na página do projeto no Face.
Pré-Vestibular de Santa Cruz
Em 2017, o bairro de Santa Cruz completou 450 anos. Foi também nesse ano que um grupo de professores se juntou e criou um cursinho pré-vestibular comunitário para o bairro, o Santa Cruz Universitário. O projeto, que inicialmente contou com a ajuda vinda de uma “vaquinha” coletiva feita na internet, tem como objetivo mudar a perspetiva dos jovens da área. Santa Cruz tem um dos piores índices de IDH da cidade, onde apenas 2% deles cursam o Ensino Superior.
O pré-vestibular vem transformando o olhar da juventude local, que busca se apropriar do espaço da cidade para constituir sua identidade, algo antes tido como impossível. Desta forma, passam a descobrir um mundo de possibilidades através de visitas a polos universitários e oficinas que discutem machismo, racismo, homofobia, entre outros assuntos relevantes para a sociedade.
No primeiro ano do projeto, o coletivo agora espera aumentar ainda mais o número de aprovados.