Ontem, dia 30 de maio, ocorreram em pelo menos 126 cidades de 26 estados e do Distrito Federal manifestações contra os cortes na educação anunciados pelo governo Bolsonaro.  A União Nacional dos Estudantes (UNE) estima que cerca de 1 milhão e 280 mil pessoas participaram dos protestos, que foram pacíficos. No dia 15 de maio, houve greve da educação. Na ocasião, os manifestantes foram chamados de “idiotas úteis” pelo presidente Jair Bolsonaro, que estava nos Estados Unidos.

Manifestantes tomaram a avenida Presidente Vargas, no Rio. Créditos: Ana Beatriz Moda

No último dia 26, houve manifestações bolsonaristas em algumas cidades do país, mas os números de participantes sequer chegaram perto dos estimados nas passeatas contra o governo. As palavras de ordem ontem foram “não vai ter corte, vai ter luta” e as lideranças também comentavam sobre o vídeo do ministro da educação em que ele aparece com um guarda-chuva ao som de “Singing in the rain”, sucesso do filme “Cantando na chuva”. Abraham Weintraub dizia que chovia fake News acusando “um veículo de comunicação que está de mal com a vida”, que teria noticiado que as obras de reconstrução do Museu Nacional, que foram paralisadas, estão paradas por causa do MEC, mas que na verdade, a culpa é do reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Leher. O ministro foi questionado nas ruas de todo o país por conta da maneira como trata publicamente os problemas do Brasil, com uma irreverência irônica e perigosa.

No Rio de Janeiro, cerca de 100 mil pessoas ocuparam a avenida Presidente Vargas, no Centro, com faixas e cartazes em defesa da educação. Eram estudantes, professores e técnicos reivindicando o direito ao ensino público de qualidade. No carro de que guiava a multidão, estavam lideranças de centros acadêmicos universitários e políticos como Jandira Feghali (PT), David Miranda, Talíria Petrone e Marcelo Freixo, os três do PSOL.

Policiais também se manifestaram com bandeiras com a frase “policiais antifascistas”. Créditos: Ana Beatriz Moda

As manifestações aconteceram porque o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da educação Abraham Weintraub anunciaram um bloqueio de 30% da verba destinada às universidades públicas. Entretanto, o impacto do bloqueio é proporcional nas universidades, dependendo de seu tamanho. Na UFRJ, por exemplo, os cortes representam 41% do orçamento. Bolsas como a de mestrado e as do CAPES também foram cortadas, o que empaca o desenvolvimento científico nacional, uma vez que esse dinheiro mantinha os desenvolvedores das pesquisas brasileiras. Só as universidades produzem mais de 90% da ciência do Brasil. O MEC se prenunciou em nota e disse que professores estão proibidos de incentivar alunos a participarem dos protestos, gerando ainda mais revolta.