Uma grande festa comunitária levou cerca de 20 mil pessoas à rua direta de São Marcos, na capital baiana, na última sexta-feira (07), a participarem da celebração da 37ª Lavagem do Coroado. A tradicional lavagem do Coroado foi puxada por um dos primeiros blocos travestidos da cidade de Salvador: o bloco As Nigrinhas, que arrastou a multidão, embalada ao som do bom toque baiano – partido alto, tocado pelo grupo RG do Partido.
Nesta edição 2018, com o tema: As Cavernas – rememorando o homem das cavernas dos desenhos animados, o bloco As Nigrinhas – que são homens fantasiados de mulher, abrilhantou a festa com muita alegria, respeito e cores. Para o coordenador do festejo, Diogenes Barbosa, 37 anos, (conhecido popularmente como Paizão), a comemoração externa um momento de cultura, lazer e oportunidade para a classe menos favorecida de diversão.
Na linha de frente há 16, Paizão ressalta as dificuldades de dar continuidade à tradição, já que conta apenas com apoiadores e prefere evitar envolvimento político para a realização. “ O povo maquia muito essa questão de política, e eu gosto muito de correr atrás, buscar, para a coisa acontecer, afirmou.
O músico Júnior Mota, 29 anos, um dos organizadores da festa, e integrante do grupo D`Resenha criado na praça do Coroado, revela emocionado a satisfação em participar da celebração. “É como eu costumo dizer: As Nigrinhas representa para mim felicidade, a realização e continuidade de um sonho do meu tio Ailton Anjos (In memóriam) que deixou pra a gente”.
De cima do Trio elétrico Germa, agitando o bloco, e todo povo participante da festa, o vocalista e percussionista do grupo Rg do Partido, Nailson Anjos (o Nanau) cantou canções conhecidas do grande público ao toque do samba de roda e partido alto. Durante o percurso o cantor destacou o orgulho em participar de mais uma edição da tradicional lavagem do coroado. “ É uma grande satisfação estar aqui e vamos brincando na paz”. Ele também homenageou saudosos precursores da festa como Dona Valquira, Dona Laura Anjos, Dona Vera, Ailton Anjos e os amigos Jailton Silva e Anderson Bispo.
Uma das fundadoras da lavagem, Maria José Anjos, 52 anos, (popularmente chamada de Zezeca) salientou a honra de ser moradora e cidadã comunitária, “ eu vivenciei essa história ainda criança, participei da organização e hoje sinto orgulho, muita alegria de minha família ir em busca dos objetivos para que a festa continue”.
A festa contou com o patrulhamento de cerca de 60 homens da polícia militar do 47º batalhão, apoio do subprefeito Jean Sacramento da Prefeitura bairro de Pau da Lima, entre outros apoiadores. Em todo trajeto continha banheiros químicos espalhados para garantir o melhor conforto de todos que festejam o momento. A lavagem também foi positiva para os vendedores ambulantes, que driblam a crise, venderem para acrescentar na renda da família.
Membros da diretoria, representantes do conjunto comunitário do Coroado ainda em clima de festa, celebrando o sucesso do cortejo, reuniram-se no sábado (8), para já pensarem no planejamento da 38ª lavagem do Coroado em 2019. É Salvador; é a resistência da comunidade periférica; é a representatividade da cultura de um povo levando alegria.
Saiba mais sobre a origem da Lavagem do Coroado.
O festejo nasceu em meados os anos de 1970, com o intuito de comemorar o aniversário do Conjunto Antônio Carlos Magalhães – batizado como Coroado pelos moradores. O batismo foi em alusão a novela Irmãos Coragem do mesmo ano, que tinha uma cidade chamada coroado. Várias personalidades da música baiana já cantaram na festa como: Marcio Victor, Viola de Doze, Nossa Juventude, a revelação musical da comunidade, Ludmillah Anjos – Ex The Voice Brasil, entre outros artistas.