Técnicos do Banco Central, que lidam com dados ignorados pelo grosso do mundo político, médico e leigo, fizeram uma previsão catastrófica: o Brasil terá mais cidadãos contaminados pelo coronavírus do que Itália e mesmo China, berço da pandemia.
A revelação foi feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista à Folha de S. Paulo nesta segunda-feira, 16, e foi comentada com colegas de governo, inclusive o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
“Não me lembro exatamente dos números, mas era algo assim: na Itália era previsão de 60% de contágio e aqui, de 80%. Podemos atingir o pico em um mês. Mas tudo vai depender da prevenção”, falou Guedes.
As previsões do Banco Central reforçam expectativas de rápida expansão do vírus pelo contágio comunitário, sobretudo quando ele se espalhar pelas zonas periféricas e favelas das grandes cidades. Este cenário é tão mais sombrio quando se constata o tratamento superficial e político dado pelo presidente à questão. A propósito, o ministro da Economia não disse que falou com Bolsonaro sobre o estudo do Banco Central.
Na realidade, a preocupação de Paulo Guedes e dos técnicos envolvidos nas previsões não é com a saúde pública, mas sim com as implicações da pandemia na economia, como no mundo inteiro:
“O governo achava que a coisa ia bater aqui em maio, e não deveríamos ser tomados pela neurose antes da hora, para não parar a economia antes da hora”, disse.
O Banco Central entrou na pesquisa sobre a disseminação do coronavírus por solicitação do próprio Luiz Henrique Mandetta, que pediu “ajuda a quem pudesse dar”, na palavras de Paulo Guedes, que adiantou: “O BC tem modelos estatísticos altamente matemáticos que permitem modelar qualquer coisa. Modelaram a velocidade de contágio.”