Questionado na entrevista coletiva desta manhã, 1º, sobre a interpretação das suas palavras feita pelo presidente brasileiro ontem na televisão, o Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, evitou a bola divida e passou a palavra ao diretor-executivo do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan:
“Além das medidas de lockdown, precisamos de estratégias abrangentes baseadas em vigilância, em intervenção de saúde pública, detecção de casos, testagem, isolamento, quarentena, e fortalecer nossos sistemas de saúde para absorver o golpe”, disse Ryan, destacando que a mensagem era direcionada a todos os países e não somente ao Brasil. “Engaje suas comunidades, eduque as comunidades e as traga a bordo. Não deixe ninguém para trás”, finalizou.
Em suas declarações mais recentes, Bolsonaro tem dado interpretação enganosa ao discurso oficial da Organização Mundial da Saúde, como atribuir ao diretor da organização a declaração de que os trabalhadores informais devem continuar trabalhando. O que Tedros Adhanom disse, na realidade, é que os governos devem levar em conta os profissionais que precisam ganhar o pão de cada dia quando elaborarem suas políticas de restrição de circulação necessárias para conter o coronavírus.
À noite, na televisão, Bolsonaro voltou a interpretar o discurso da OMS, citando trechos maiores da entrevista do diretor concedida na véspera, quando disse que os governos devem ter preocupação com os mais pobres durante a pandemia. Bolsonaro omitiu que Tedros defende o isolamento e as restrições de mobilidade para conter o coronavírus.
Os representantes da OMS afirmaram que é preciso ser transparente com a população, sem citar nomes mas em clara alusão às posições dúbias e às meias verdades e mentiras ditas por alguns governantes, que mais desinformam e desorientam as populações do que contribuem para o combate da pandemia que se aproxima de um milhão de vítimas em todo o mundo.