O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) decidiu por unanimidade determinar a retirada da campanha “Duloren – Pacificar foi fácil. Quero ver dominar”. Em decisão de segunda instância, em 31 de julho, após julgar recurso da marca de lingerie, por unanimidade os conselheiros do Conar mantiveram a decisão de maio, que recomendava a suspensão da propaganda.
Segundo o relatório do Conar sobre o recurso impetrado pela Duloren, “numerosos consumidores questionaram anúncio em internet de marca de lingerie que mostra foto de uma jovem negra trajando roupas íntimas e segurando um quepe militar com ar desafiador. Ao fundo, aparece um homem ressonando, com uniforme desabotoado que lembra a farda dos policiais cariocas, tudo ambientado no que sugere ser a laje de uma casa em uma favela carioca”.
Ainda de acordo com o Conar, para os consumidores, a imagem sugeria desrespeito ao trabalho da polícia e também à imagem feminina, além de expressar racismo e machismo.
Na propaganda, lançada em março, uma moradora da Favela da Rocinha, a depiladora Ana Paula Conceição Soares, de 29 anos, aparece em roupas íntimas ao lado de modelo caracterizado como policial do Bope e desacordado. Na imagem, a inscrição: “Pacificar foi fácil, quero ver dominar”. A Rocinha está entre as comunidades do Rio que já receberam uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
Segundo o Conar, o orgão recebeu mais de 20 reclamações de consumidores, homens e mulheres, que consideraram a campanha apelativa, sexista e desrespeitosa à política de segurança pública do Rio de Janeiro.
A suspensão da campanha foi aprovada por unanimidade pelos 13 conselheiros do Conar em maio, mas a Duloren recorreu alegando que “é inerente à publicidade atrair a atenção dos consumidores sem desrespeitá-los”.
Segundo o relatório do Conar sobre o recurso, o que a marca quis dizer com a mensagem seria algo como: “Pode-se pacificar um morro, mas nem homem nem soldado nenhum é capaz de dominar uma mulher com lingerie Duloren”.
Para Renata Garrido, relatora do recurso, os argumentos não convenceram:
“Existem muitas formas criativas de anunciar lingerie sem ferir as normas da boa propaganda. O anúncio tentou inovar e foi infeliz, pois vulgariza a mulher e banaliza o programa de pacificação das favelas, desrespeitando todas as partes envolvidas”, disse ela em seu voto, ratificando a recomendação de sustação, aprovada por unanimidade.
Fonte: Cenário MT