7 anos da morte de Claudia Silva Ferreira

O crime de assassinato emblemático segue até hoje com os policiais responsáveis impunes.

Claudia tinha 28 anos quando foi assassinada / créditos: Kilomba Collective

Hoje completam 7 anos do assassinato de Claudia Silva Ferreira, que ocorreu em uma operação da PM no Morro da Congonha, onde morava. Claudia trabalhava como auxiliar de serviços gerais em um hospital e foi baleada enquanto ia comprar comida para seus 4 filhos.
Os policiais colocaram seu corpo dentro da mala da viatura, alegando estarem levando a vítima em um hospital para lhe prestar socorro.

Durante o trajeto, o porta-malas do carro abriu, o corpo de Claudia rolou em direção a pista e ficou preso por um pedaço de roupa, resultando em imagens chocantes do seu corpo sendo arrastado por 350m da estrada Intendente Magalhaes, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

A cena foi filmada por um cinegrafista anônimo e divulgada pela imprensa. A brutalidade do caso fez com que as notícias tomassem grandes proporções nacionais e internacionais, movimentassem manifestações e campanhas em redes sociais.
Na época do ocorrido, seis policiais envolvidos no caso foram detidos, porém não chegaram a completar seis meses e foram soltos, além de receberem licença para voltar a trabalhar.

Em Novembro do ano passado, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seis) voltou atrás em relação a nomeação do capitão Rodrigo Medeiros Boaventura como superintendente de Combate aos Crimes Ambientais. Rodrigo na época do crime era tenente da operação do Morro da Congonha e responde por homicídio.

Até hoje o caso segue com todos os envolvidos trabalhando normalmente na corporação, sem terem sido punidos criminal ou administrativamente.
Durante 7 anos de processo, apenas uma audiência sobre o caso foi realizada.
Respondem pela morte de Claudia, o capitão Boaventura e os policiais Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, Adir Serrano, Rodney Archanjo, Alex Sandro da Silva e Gustavo Ribeiro Meirelles.

Considerando os recorrentes casos de mortes a partir de operações de agentes do Estado, a aprovação do projeto de lei 4.471/2012, que estabelece maior rigor em investigações de mortes decorrentes de ação policial, se torna mais do que nunca prioritária.

A proposta disserta que “esses casos deverão ter rito de investigação semelhante ao previsto para os crimes praticados por cidadãos comuns” e que , segundo o relator, deputado Pastor Eurico (PSB- PE):  “A falta de apuração acaba fazendo com que os casos de abuso policial não apareçam, tampouco sejam apurados”.  (Fonte: Agência Câmara de Notícias.)

Nesse mês de Março, além de ser comemorado o Dia Intencional das Mulheres, também houve uma grande vitória: a proibição da absolvição de réus baseada na tese de  “legítima defesa da honra” em casos de feminicídio, que auxiliava no fomento à naturalização da violência contra a mulher.

É imprescindível recordar diariamente os casos de mulheres que foram mortas, vítimas de agentes do Estado, e que seguem sem que tenha sido feito Justiça pela perda de suas vidas.

São nomes como Marielle Franco, Claudia Silva Ferreira, Luana Barbosa e tantas outras mulheres que nao podem ter suas histórias esquecidas, para que possa cessar a regra da impunidade como sendo legitimada na sociedade.

A AMNB (Articulação de Mulheres Negras Brasileiras), em memória aos 7 anos do assassinato, exibirá hoje as 19h30 o doc. “Somos Tod@s Cláudia”.

O link para acesso é: youtube.com/amnboficial

https://www.anf.org.br/pm-que-responde-pela-morte-de-claudia-ferreira-mulher-arrastada-por-viatura-ha-seis-anos-tem-nomeacao-a-superintendencia-suspensa/

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