Hoje, 06 de fevereiro de 2023 marca 8 anos da chacina do Cabula, na Vila Moisés, região periférica de Salvador. Caso em que 12 homens, negros entre 16 e 27 anos foram mortos por nove policiais militares.
As execuções foram feitas por agentes da operação do Rondas Especiais (Rondesp). Segundo as investigações, a motivação dos policiais para os assassinatos seria vingança.
A PM alegou legítima defesa, já que teriam reagido a disparos de arma de fogo supostamente iniciado pelas vítimas. Na época, o governador Rui Costa (PT) chegou a comparar a ação dos policiais como a “de um artilheiro em frente ao gol”.
No entanto, uma investigação do Ministério Público considerou que a ação policial foi uma execução motivada por vingança, já que dez dias antes do fato um tenente levou um tiro no pé durante uma operação no bairro.
Nomes das vitímas:
Todo ano, nesta data, parentes, militantes e familiares de outras vítimas da violência policial se reúnem no local onde aconteceu o crime, um campo a céu aberto rodeado por matagais, espaço que hoje dá lugar a um púlpito e velas em homenagem às vítimas, onde familiares ainda revivem o luto e pedem para que o caso não seja esquecido.
Evson Pereira dos Santos, Ricardo Vilas Boas Silva, Jeferson Pereira dos Santos, João Luis Pereira Rodrigues, Adriano de Souza Guimarães, Vitor Amorim de Araújo, Agenor Vitalino dos Santos Neto, Bruno Pires do Nascimento, Tiago Gomes das Virgens, Natanael de Jesus Costa, Rodrigo Martins de Oliveira e Caique Bastos dos Santos. Das vítimas, três eram adolescentes.
A chacina ocorreu em um campo de futebol próximo a Estrada das Barreiras. Na época houve a divulgação de que os alvos eram integrantes de uma quadrilha especializada em assaltos a bancos. Porém, de acordo com o promotor, nenhuma das vítimas possuía antecedentes criminais.
Justiça
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou indícios de violência policial na operação, análise que foi seguida pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), que denunciou os nove policiais, apontados de encurralar e executar as 12 vítimas.
O caso chegou a ser encaminhado para a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, em 2018, negou a federalização do crime, mantendo o julgamento no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
Quase 10 anos depois da chacina, o caso corre em segredo de justiça e, segundo o TJ-BA, mais informações “não podem ser disponibilizadas pois visam manter o sigilo”.
De acordo com a Polícia Militar, dos nove policiais envolvidos, oito seguem em atividade e um foi demitido. A PM não detalhou o motivo da demissão.
Estatística
Segundo pesquisa realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), mesmo casos de grande repercussão de letalidade policial com vítimas negras, a Justiça falha em responsabilizar agentes e instituições.
Diante dos cenários, os pesquisadores afirmam que vão encaminhar aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, uma série de recomendações com o objetivo de reduzir a impunidade de casos como o da chacina do Cabula.
Familiares ainda aguardam um desfecho do trágico episódio que marca e reflete a violência vivida por milhares de jovens negros moradores da periferia.
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