Meus escritos agrupam reflexões pavimentadas a partir das vivências e aprendizados adquiridos nos movimentos sociais e nos territórios negros de um Brasil paralisado, atrasado e politicamente, em estado vegetativo.
As linhas a seguir são bombas de antibióticos na infecção do intelecto e sofrimento social desta república que já nasce em uma UTI neonatal sucateada. Além de apontar as convulsões sociais, apresento ao leitor o oxigênio necessário para remediar esse Brasil esfarelado de um imaginário coletivo, de um país em construção, mas na verdade que desde o seu nascedouro pratica-se a política de “arrancar os pedaços”.
O paredão politico e filosófico fundamentado sobre a ótica de quem vive – sem querer menosprezar o ponto de vista dos que visitam e elaboram a ciência “academicista”, nomeando os nossos territórios e lideranças como Objeto de Estudo – daí a relevância dos que protegem suas comunidades com politica, isto é, a arte de pensar as mudanças e de criar as condições necessárias para desenvolvê-las.
Fomos historicamente atropelados pela ambulância que nos salvaria. O racismo regenera-se reconstruindo suas células na tirania da informação, na violência estrutural, acarretando o falecimento da política feita pela nação e a imposição de uma política comandada pela burguesia.
Da entrada da emergência, é possível ver a esquizofrenia dos territórios – um pano branco sobre um corpo preto – um plano branco para matar gente preta. Impossível evitar a verborragia se o nosso povo estiver anestesiado, arrastando-se com muletas sociais.
Os jornais pouco informam, talvez você encontre nos anais da história. Para além de toda patologia adquirida, o Brasil foi golpeado várias vezes. Ninguém sabe ao certo quantos golpes traumatizaram e deixaram uma fratura exposta nesta nação.
As más línguas dizem que este país foi apunhalado pelas costas nove vezes; quem testemunhou viu a noite da agonia, “1823”, dona Fulana disse que foi menos, “1822”, Cicrano contou, “1889”, outros dizem “1964” e alguns afirmam, “2016” pauladas! Uma cacetada atrás da outra.
O Brasil que ficou mudo diante de tanta violência sabe que a região mais afetada com as doenças sociais como: cólera, desnutrição, déficit habitacional, genocídio do povo negro e falta d’agua, foi o Nordeste. Mesmo sendo a região que contribui de forma visceral, para que esta enferma república continue viva.
A sociedade civil organizada é uma enorme equipe médica responsável por tratar toda desigualdade social neste país, que apresenta insuficiência múltipla dos “órgãos” e uma cegueira social irreversível.
Dito isso, pondero uma análise de conjuntura política cotidiana e indelével. É necessário enfraquecer as bactérias que agem no organismo político, destruindo o tecido social urbano.
Todos os indicadores apontam que o Brasil pode sobreviver, seu último recurso para salvar a vida da nação deverá ser cirurgicamente utilizado nas eleições de 2022. Imprescindível à renovação das células que fortalecem o sistema imunológico e produzem a garantia de direitos e a justiça social.
Autoria: Marcelo Teles
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