O Sesc Madureira inaugurou a exposição interativa “Madureira em Transe”, uma imersão inspirada nos quintais, feiras e festas populares do bairro, através de imagens e esculturas de autoria do artista plástico e fotógrafo Edu Monteiro, com curadoria do escritor e professor do Instituto de Artes da UERJ, Maurício Barros de Castro. Os visitantes terão ainda acesso a uma programação paralela nos meses de exposição.
Durante um ano, Edu Monteiro fotografou, em Madureira, rodas de samba, quintais, feiras, além de manifestações religiosas nos terreiros de matriz africana, registrando pessoas, comidas típicas, instrumentos, objetos de culto e rituais. Algumas dessas imagens foram integradas ao livro “Quintais do Samba da Grande Madureira”, mas há todo um trabalho inédito, que estará à mostra no Sesc, incluindo um cruzamento de esculturas e imagens.
“Impressas em couro, as imagens ganham uma materialidade diferente e estabelecem um diálogo definitivo com o tambor, instrumento essencial nas manifestações afro-diaspóricas”, afirma o artista.
A abertura de Madureira em Transe vai contar com a ativação do ogâ Anderson Vilmar na instalação Trindade, produzida em colaboração com o artista Edu Monteiro e Bernardo Marques-Batista, que também assina a assistência de curadoria da exposição. Anderson Vilmar confeccionou especialmente para a mostra os três tambores do candomblé, Rum, Rumpi e lé, que ele vai tocar na abertura ao lado de outros dois ogãs, fazendo com que as imagens de Edu Monteiro dancem no ritmo dos toques que evocam os orixás, abrindo os trabalhos e trazendo axé para Madureira em Transe.
Interatividade
O tambor é, inclusive, o elemento chave da interatividade do público com a exposição. As pessoas poderão tocar os três tambores do culto aos orixás, chamados rum, rumpi e lé, e na cadência das batidas, imagens serão projetadas em uma tela diante delas.
A instalação, chamada Trindade, é um trabalho em colaboração do artista Edu Monteiro com o ogã Anderson Vilmar e Bernardo Marques-Batista, que desenvolveu o suporte tecnológico, que nomeou como personal ogã, e que também assina a assistência de curadoria da exposição. Mesmo os que não têm familiaridade com o ritmo dos terreiros, não precisam se preocupar com a performance, garante o curador. “O convite também é para diversas sonoridades possíveis”, diz ele.
Transe e herança
O conceito de transe, que dá título à exposição, começa logo na entrada do Sesc, onde os visitantes verão grandes fotografias impressas em tecidos.
“É como um convite para que entrem no espaço da mostra, iniciando assim a transição, o transe, que também marca os rituais de origem afro-diaspórica”, explica o criador, Edu Monteiro.
De acordo com Maurício Barros de Castro, a ancestralidade africana fez de Madureira um bairro protagonista na formação cultural do Rio de Janeiro.
“Madureira é um bairro fundamental para afirmação da herança africana no Rio de Janeiro, além de celebrar os quintais, feiras e terreiros como alicerces de sua comunidade. Portanto, se coloca como um território onde o transe pode ser pensado de forma expandida, evocando ambientes do sagrado e do profano, remetendo a uma cultura sempre em movimento e, ao mesmo tempo, vinculada à sua ancestralidade”, analisa ele.
SERVIÇO
Exposição Madureira em Transe
Sesc Madureira: Rua Ewbank da Câmara, 90
De 6/8 a 6/11/2022
Visitação: de terça a sexta, das 10h às 20h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h
Classificação etária: Livre
Gratuito.
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