Instituto Cultural Steve Biko faz 30 anos com homenagem na Câmara de Salvador 

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A Câmara Municipal de Salvador, realiza nesta segunda-feira, 12, às 17h30, uma Sessão Especial no Plenário Cosme de Farias, para debater o tema “Educação Antirracista – O legado do Movimento Negro para a Educação Brasileira” em homenagem aos 30 anos do Instituto Cultural Steve Biko.

“É melhor morrer por uma ideia que vai sobreviver do que viver por uma ideia que morrerá”, Steve Biko.

Fundada em 1992, a instituição foi a primeira organização do cenário nacional que lutou e desenvolveu ações e projetos embasados na luta antirracista do ativista sul-africano Steve Biko, os quais visam garantir o acesso de alunos negros às universidades.

Como resultado, a Biko será a primeira instituição superior na Bahia voltada para uma educação pautada no antirracismo, inclusão e diversidade. A faculdade Steve Biko, está com quase 80% das obras concluídas, com previsão de lançamento até 2024.

Durante a sessão presidida pelo presidente de honra, o vereador Sílvio Humberto (PSB), serão homenageados os fundadores, professores, alunos e demais membros que em suas trajetórias de vida sempre estiveram presentes retroalimentando os sonhos de busca por um mundo mais justo e igualitário.

A programação contará com palestrantes convidados: Eliane Cavalleiro, Doutora em Educação, Universidade de Stanford – Centro de Estudos Latino-Americanos (CLAS); Sulivã Bispo, Ator, Humorista e Arte-educação; Ana Cecília da Silva, Doutora em Educação, referência na luta contra o racismo no Brasil; Carla Akotirene, Doutora em Estudos de Gêneros Mulheres e Feminismo; Maíra Azevedo (Tia Má), Jornalista, Atriz, Palestrante, Digital Influencer e Mãe; Dão Black, Cantor e Compositor – Baiano com foco no Black Music; George Oliveira, Ativista do Movimento Negro, Escritor e Doutorando em Educação; Paulo Rogério, Consultor, Empreendedor e Cofundador da Aceleradora Vale do Dendê.

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Instituto Cultural Steve Biko

‘Acreditamos que é possível transformar a sociedade a partir da educação’, diz o educador Ivo Ferreira.

O processo de educação do Instituto nasce diferenciado, a partir do resgate dos seus valores ancestrais de seus estudantes baseado no Movimento de Consciência Negra difundido pelo ativista sul-africano Bantu Stephen Biko, África do Sul. Daí, surge o nome Instituto Cultural Beneficente Steve Biko, escolhido em homenagem a um dos mais ferrenhos combatentes contra o regime de segregação racial do Apartheid.

Reconhecido como uma das principais organizações dos movimentos sociais na Bahia e no Brasil, ganhou o Prêmio Nacional de Direitos Humanos (1999) e o Prêmio Cidadania Mundial, outorgado pela Comunidade Bahái do Brasil (2003).

Em sua pedagogia, diferencia-se pela disciplina Cidadania e Consciência Negra – CCN -, que pauta em sala de aula, a autoestima e as lutas do povo negro no combate ao racismo, resgatando a cultura afrobrasileira, a religiosidade, a ancestralidade, a trajetória de ativistas referências na luta contra as desigualdades.

O Instituto desenvolveu cursos e programas seguindo a mesma base política: promover a inserção dos negros no espaço acadêmico como estratégia para sua ascensão social e o combate à discriminação racial.

O curso pré-vestibular Pré-Biko, desenvolve a preparação socioeducativa para ingresso de estudantes negros no ensino superior.

O programa Oguntec, está voltado para o ensino das ciências tecnológicas, que tem entre seus destaques, a utilização de podcast em suas metodologias educativas.

O programa de Intercâmbio, consiste na troca de experiências, visitas e palestras com alunos negros e negras de outros países.

Faculdade Steve Biko

A Faculdade Biko está localizada no centro de Salvador, bairro do Campo Grande, o prédio foi cedido pelo governo da Bahia em 2011, possui três andares, com salas de aula, auditório, biblioteca, brinquedoteca e demais espaços de convivência e produção educacional, com previsão de entrega até 2024.

Adotando a mesma política aliada à inclusão e à luta antirracista, a faculdade busca ascensão político-social da população negra por meio da educação e valorização da sua ancestralidade.

“Para a faculdade Biko levaremos toda a expertise que a gente tem de Núcleo de Desenvolvimento de Pessoas para cuidar da permanência e também pensar na saída do estudante: como ele vai ser inserido no mercado de trabalho, como ele vai ser orientado e quais caminhos seguir após a graduação dentro da área”, conta Jucy Silva, diretora executiva do Instituto.

Firmando novas parcerias, o acordo com Instituto Federal da Bahia- IFBA, possibilitará aos estudantes da Biko a utilização de laboratórios, em contrapartida, os estudantes do IFBA terão em suas grades curriculares, a disciplina de Cidadania e Consciência Negra (CCN), do Instituto Steve Biko.

“Pretendemos iniciar com dois cursos: Pedagogia e História, provavelmente duas licenciaturas, e será aberta ao público que tenha interesse em participar de uma universidade que respeita os valores africanos na construção do conhecimento, o que difere da maioria das outras universidades que existem e tratam, reproduzem e constroem um pensamento eurocêntrico.

A ideia não é só ter África como centro, mas ter essa diversidade das contribuições de todos os povos, mas valorizando essa questão africana e da diáspora africana”, esclarece George Oliveira, gestor administrativo do Instituto.

Para o educador e um dos primeiros integrantes do Instituto, há 29 anos, Ivo Ferreira, a instituição vem preencher uma lacuna que está escancarada pelo racismo nas suas diversas vertentes.

“Se você notar o número de brasileiros desprivilegiados por fome, falta de moradia ou saneamento, você vai notar que parte dessa população é negra. O número carcerário no Brasil hoje é negro. Mas quando você chega na universidade, ela diminui o número de negros, principalmente, nos chamados cursos de maior prestígio, aqueles grupos que formam as principais tomadas da sociedade e dá possibilidade de cidadania. Então, o antirracismo tem que acontecer.

Hoje, no Brasil, eu não vejo possibilidade de que exista evolução social sem uma briga antirracista”, explica Ivo Ferreira.

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