Santo Antônio Além do Carmo recebe mostra centenária com inclusão e diversidade artística

Amanda Medeiros - Retrato

A coletiva “Saramago 100 Anos” será exposta no ME Ateliê da fotografia, localizado na Ladeira do Boqueirão, n.6, Santo Antônio Além do Carmo, no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador.

A mostra “Saramago 100 anos”, é uma coletiva em homenagem ao centenário de José Saramago e ficará em cartaz de 22 de setembro até 30 de outubro, de quinta a domingo, das 16h às 19h, com entrada gratuita e aberta ao público.

Inclusão e diversidade artística

Um dos compromissos apresentados na essência da exposição é a inclusão e diversidade. A mostra vai contar com participação de artistas baianos como Bernardo Tochilovsky (obras com aquarela sobre tela) e Jamile Pires Siméia (através do desenho a lápis sobre papel).

Apesar de jovens, os artistas baianos possuem uma firme relação com as artes e as diversas formas de se expressarem através das cores, texturas e formas.

Bernardo Tochilovsky tem 22 anos e desde criança usa desenhos e pinturas como maneira singular e genuína de se comunicar. Diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA), o artista tem nas tintas, nos lápis, aquarelas, papéis e telas a possibilidade de explorar seu imaginário. Suas obras fizeram parte do Centenário da Semana de Arte Moderna, na Art Lab Gallery, em São Paulo. E também em exposições no Palacete das Artes, Sala Carlos Bastos, entre outros espaços em Salvador.

A artista surda Jamile Siméia Pires Reis é artesã e pintora. A coletiva ‘Saramago 100 Anos’ será a sua primeira exposição, no entanto a sua atuação com as artes pode ser visualizada e sentida através das peças de artesanato que constrói, vende e compartilha com seus seguidores. Jamile atua ainda como professora de Libras no projeto ‘Libra Tudo’ e cursa a graduação em decoração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Para Mário Edson, a participação dos artistas traz uma discussão sobre pertencimento e acessibilidade. Além disso, chama a atenção para um assunto importante, mas pouco discutido, o capacitismo. “Seguindo com nossa proposta de viabilizar espaço para novos artistas, buscando sempre novos olhares e técnicas, a exemplo dos talentosos artistas, Bernardo e Jamile. Assim, discutimos a questão da inclusão e da pluralidade tão viva na arte. Eles são um exemplo vivo do poder da arte”, celebra.

Frank Jazz – Saramago – Pilar

A exposição é composta por diversos artistas e 49 obras em gêneros artísticos diversos como: fotografia, pintura, bordado, cerâmica, escultura, quilling, gravura digital, colagem e caricaturas.

Entre os 46 artistas nacionais e internacionais estarão presentes nomes como Bernardo Tochilovsky, Ike Ferreira, Ana Uzêda Luiz Mário, Karla Brunet, Mili Genestreti e imagem do acervo da Fundação Casa de Jorge Amado.

José Saramago

Nascido em Azinhaga, aldeia portuguesa da província de Ribatejo, em 16 de novembro de 1922, José Saramago se mudou ainda criança, com seus pais para Lisboa. Sua paixão pela leitura e escrita, seu estilo de obra única revolucionou a literatura de seu tempo. Considerado um autor de diversos gêneros, escreveu poemas, peças de teatro, crônicas, novelas, romances e até manteve um blog. Entretanto, foi a forma da prosa que o consagrou um grande escritor do século XX.

O Curador e idealizador da exposição, Mário Edson explica que a inspiração em realizar um tributo a Saramago está explícita na própria carreira do poeta, jornalista e escritor. Saramago é o único escritor da língua portuguesa a ser laureado com um Prêmio Nobel de Literatura. Além disso, Mário destaca que a ‘Coletiva Saramago 100 Anos’ fará com que o público e também os artistas participantes reflitam sobre todo legado deixado pelo artista.

“As escolhas do Ateliê são pautadas nas grandes figuras que através de suas contribuições artísticas e culturais deixaram um legado para o mundo, sejam elas brasileiras ou não, primamos pela necessidade de reverberar e perpetuar tais conteúdos para gerações futuras e principalmente para provocar e incentivar artistas e público a uma reflexão acerca de temas e obras de importância singular”, completa o artista.

Mário Edson pretende levar a coletiva “Saramago 100 Anos” para Lisboa, no mês em que assinala o centenário de José Saramago, 16 de novembro de 2022. Para o artista, curador e idealizador da exposição, ao retratar a vida de Saramago, está compartilhando com o mundo a essência poética, humanístico presente em sua obra.

Ivana Leme – Escultura

“Vivemos tempos difíceis, além da avançada e desenfreada evolução de um universo totalmente digital, volátil e individualista, onde a essência e o conteúdo das obras ou até mesmo a trajetória das pessoas são desprezados em função da avassaladora rapidez com que temos conduzido os dias e por tabela nossa vida. Os grandes nomes e suas reflexões são esquecidos e jogados à margem de uma filosofia imediatista e sem conteúdo”, acrescenta Mário.

ARTISTAS PARTICIPANTES

Arthur Fraga, Ike Ferreira, Ana Uzêda, Cecilia Menezes, Leno Adriano, Luiz Mário, Luzimar Azevedo, Bernardo Tochilovsky, Bia Santos, Juca Fraga, Karla Brunet, Camaleão, Ulisses Araújo, Valber Benevides, Américo Azzevedo, Dory, Clô Pimenta, Dida Murta, Jamile Pires Siméia, Elson Júnior, Lucas Rodrigues, Mônica Rossi, Ivana Leme, Maurílio B.Silva Jr. Milli Genestreti, Mônica Monteiro, Samuel Cruz, Vicente Silva, Gustavo Maciel, Cal Costa, Camila Carrera, Damaris D`Fotos, Daniel Sóglia, Fundação Casa de Jorge Amado, Gabriella Britto, Mário Edson, Sônia Nepo, Tinna Pimentel, Franklin Jazz, Raiana Brito, Léo Furtado, Vanderlei Oliveira, Amanda Medeiros, Rogério Silva, Roque Lázaro e Anatê.

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