Amigos, amigos – negócios à parte

Arte: Agência Brasil

Baseado na fake news difundida pelo ministro das Comunicações, Fábio Farias, o presidente da república convocou reunião urgente com o alto comando das forças armadas para tomar uma atitude, Afinal, emissoras de rádio, sobretudo no Nordeste, não estariam veiculando inserções da sua campanha, infração gravíssima e inédita. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, pediu prova da denúncia em 24 horas e como resposta disseram para procurar na busca do Google. Em poucas palavras, tentam no mínimo adiar a eleição porque não há tempo nem gente para cumprir a tarefa.

Aqui cabe também uma explicação sobre o horário eleitoral obrigatório do TSE, que ocupa tempo precioso da programação radiofônica e televisiva. Emissoras em geral são comerciais, vendem tempo e não admitem gratuidade, a não ser em casos excepcionais. Ora, propaganda eleitoral é um dos principais filões de renda sazonal garantido por lei. O país vai às urnas a cada dois anos, a maior parte das rádios e televisões tem ligações com políticos ou empresários que patrocinam políticos – nada mais lógico, portanto, do que o sistema pagar pelo serviço de veiculação da propaganda eleitoral obrigatória. Faz algum sentido a emissora abrir mão do faturamento sobre a veiculação obrigatória de propaganda política? Claro que não! Assim sendo, rádios e tevês têm todo interesse em veicular o horário eleitoral obrigatório, desde o início batizado de “horário eleitoral gratuito”.

O ministro das Comunicações, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional ou alguém no governo acha que um dono de rádio do interior vai abrir mão do faturamento por motivação política ou ideológica? Alguém é ingênuo de pensar que esse hipotético empresário de comunicação só veicula propaganda politica de seus amigos ou interesses? As respostas parecem óbvias demais e se por acaso aparecer alguma rádio confessando que boicotou propaganda política deste ou daquele candidato é bom desconfiar. É fake.