Cada dia vem à memória um novo motivo para celebrar a vitória de Lula no domingo. Ontem alguém disse no rádio que não seria uma vitória tão robusta e maiúscula se tivesse acontecido no primeiro turno, quando faltaram poucos votos para alcançá-la. Concordei não pelo sofrimento que a apuração do segundo turno causou em metade da população eleitora. Uma amiga minha que mora em Madri, apesar do acompanhamento ao vivo pela Globo Internacional, pedia informações pelo WhatsApp, ansiava por alguma coisa mais, inédita ou nova.
Concordei porque a magnitude da vitória de domingo não deixou margem a dúvidas: o Brasil do bem é bem maior do que o Brasil do mal. Os dois milhões de votos a mais de Lula significam que mesmo com toda a burla, as “fake news”, a desinformação maldosa, criminosa até, as operações policiais das PMs à PRF, todo tipo de sacanagem inventada o gabinete do ódio perdeu.
É bom destacar que uma operação policial como a levada a efeito pela Polícia Rodoviária Federal no domingo é uma operação de sabotagem às urnas e à democracia. Bem sucedida, ela manteria o presidente no palácio e se tornaria uma espécie de tropa de elite com missões especiais e total apoio do poder central. A PRF seria mais do que a PF, por exemplo, e seu comandante seria escolhido pelo próprio presidente da república.
Por esta razão, quero render minhas homenagens, aqui, ao ministro Alexandre de Morais, que atuou todo o tempo como barreira, anteparo aos golpistas que já queriam o voto de papel pela facilidade de fraude, suspeitaram das urnas eletrônicas com interesses inconfessáveis, inventaram falhas no horário eleitoral obrigatório, até chegar ao dia da eleição e as operações da PRF para impedir acesso dos eleitores (majoritariamente nordestinos) às urnas. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que afastou todas as armadilhas com maestria e barrou a ideia de estender o horário em uma hora no Nordeste, o que abriria a porteira a todo tipo de questionamentos e dúvidas. E bancou a manutenção da normalidade com o argumento de que as operações não afetariam o resultado final.
Se afetaram, não foi o suficiente.