As atividades do grupo priorizam o combate à LGBTfobia, ao racismo, capacitismo, machismo, sexismo, xenofobia e todo tipo de preconceito e exclusão social.
Acolher mães e familiares da população LGBTQIAP+, para que possam entender e respeitar à Diversidade Humana, e apoiar às Identidades Sexuais e de Gênero de seus filhos, filhas e filhes. Esse é o principal objetivo do Coletivo Mães do Arco-íris, criado em junho de 2018, em Salvador, por mães de LGBTQIAP+, que lutam pela Inclusão social desse segmento e pela Defesa dos Direitos Humanos.
As atividades do grupo priorizam o combate à LGBTfobia, ao racismo, capacitismo, machismo, sexismo, xenofobia e todo tipo de preconceito e exclusão social. Dentre os projetos desenvolvidos com apoio de parceiros estão: Bazar e Café com as Mães do Arco íris; Formações: Colorindo a Mente/Denegrindo a Mente e Politizando a Mente;Mulheres Empreendedoras; Respeite meu nome; Feira de Artes, Cultura e Cidadania e Transformando vidas.
A coordenadora do coletivo, a ativista pelos Direitos Humanos e mãe de uma mulher trans, Crsitiane Sarmento defende o envolvimento das famílias e da sociedade para combater o preconceito e a falta de conhecimento sobre as identidades sexuais e de gênero. “A primeira violência cometida contra a população LGBT’s acontece na infância e na adolescência, dentro de casa. A gente trabalha com mães para que desde cedo entendam a diversidade humana e desconstruam seus preconceitos. Ter um filho ou uma filha LGBT é
normal, a gente precisa romper com essa estrutura social que discrimina tudo que está fora dessa heteronormatividade”, afirmou.
O grupo atende familiares e pessoas LGBT distribuindo cestas básicas, além de promover campanhas solidárias, encontros e encaminhamentos para serviços de saúde, assistência social, psicológica e jurídica. Kin Bissents Bispo Santos, mulher trans,artista plástica e estudante da UFBa, 24 anos, participou do “Projeto Respeite meu nome” e reconhece os avanços conquistados “ O Mães do arco íris atua num momento de instabilidade política onde o ódio e o preconceito são disseminados e ele vai onde o Estado não vai,
como um guia que nos ajuda a caminhar e conseguir nossos direitos. Eu fui super bem assistida no Projeto Respeite meu nome, eu consegui ter meu nome retificado.”, informou.
Luta por direitos
Apesar das demandas crescentes, as políticas públicas não atendem às necessidades específicas do segmento LGBT. As principais solicitações que chegam ao coletivo Mães do arco íris são: retificação de nome para pessoas trans, aquisição de alimentos, roupas e móveis, acesso a emprego, renda e capacitação profissional, assistência médica, jurídica, psicológica e
farmacêutica.
A entidade solicitou à Secretaria Municipal de Saúde a dispensação de hormônios e bloqueadores na rede municipal de saúde para toda população trans e travesti. No Hospital das Clínicas, onde foi criado um Ambulatório específico para o segmento LGBT a reivindicação é que ele seja a porta de entrada para cirurgias de redesignação sexual nesse hospital. Outra política pública que consta na pauta da entidade é a criação de uma Casa de Acolhimento Municipal para a população LGBT, particularmente jovens, expulsos de suas casas ou que vivem em ambientes com violência psicológica e física, e que não têm para onde ir.
O Coletivo defende a permanência e ampliação das cotas para acesso às universidades e luta por cotas em empresas que participam de licitação com o município e o estado, para inserirem a população LGBT e aumentarem a empregabilidade. Ariel Pereira dos Santos, homem trans, 22 anos, critica a ausência de serviços acessíveis na Saúde e outros setores. “A gente não tem lugar de fala, lugar
para ser assistido. Tem lugares que a gente precisar estar e não tem, muitos homens trans que eu conheço não vão ao médico. A gente precisa de atenção especial, não temos acesso, os profissionais não têm a preparação correta , é um problema geral no Brasil de políticas públicas, deixa a desejar”, declarou.
As expectativas com a mudança no governo federal são grandes. “Estamos bastante esperançosas que, a partir de 2023, a gente retome o crescimento e a conquista das políticas públicas, as garantias de direitos a partir do próprio Ministério dos Direitos Humanos que deve ser implementado novamente e os Conselhos de Direitos”, informou Cristiane Sarmento.
Violência homofóbica em alta
Segundo relatório divulgado em 2021 pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) entre janeiro e agosto de 2021, o Brasil registrou 207 casos de mortes envolvendo LGBTQIA+ (187 assassinatos e 18 suicídios), sendo 32 (10,7%) delas na Bahia, atrás apenas de São Paulo com 42. Salvador é a capital mais insegura para os LGBTQIA+ e a Bahia, o segundo estado com maior número de mortes
da mesma população.
Em 2021 foram 300 mortes violentas, um crescimento de 8% em relação a 2020, quando foram registrados 276 homicídios. Salvador foi a capital mais perigosa em 2021, com 12 mortes em aproximadamente 3 milhões de habitantes, seguida por São Paulo, com 10 homicídios em cerca de 12 milhões.
Os gays compõem o grupo mais atingido pela violência letal nos últimos 40 anos e, em 2021, os homens gays corresponderam a 51% do número de mortes, com 153 ocorrências, seguidos das travestis e transexuais com 110 casos (36,67%), lésbicas com 12 casos (4%), bissexuais e homens trans 4 casos (1,33%). Quanto à cor das vítimas de mortes violentas, 28% eram brancas, 25% pardas, 16% pretas e uma indígena.
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