Leio agora cedo numa primeira página de jornal (sim, jornal impresso ainda resiste) que Neymar não apoia mais o presidente da república que se despedirá no começo do mês que vem do palácio e não me surpreendo nem um pouco. Até a primeira-dama já o abandonou, os filhos estão cada vez mais distantes e os amigos, bem, esses são hoje parte da história dos dias de fausto e poder. Bolsonaro é cada dia mais Jair, homem comum, anônimo e solitário a perambular de moto pelas ruas descascadas da periferia brasiliense na busca desesperada por companhia.
Artur Lira, comandante da Câmara dos Deputados, já acertou os ponteiros (sim, ainda existem relógios assim) com a equipe de transição e deixou o presidente com o que restou do orçamento secreto pendurado na brocha, cruel ironia para o “imbrochável”. Até Zambelli, uma simples mulher, bateu boca com o presidente no jantar de confraternização do Partido Liberal em São Paulo. No mundo bolsonarista raiz é assim: encontro de correligionários acaba em bate-boca, piquenique na frente do quartel não tem refresco, só queixas e lama.
Enquanto isso, no plano político mais elevado, onde são tomadas as decisões em comum acordo entre as equipes de transição do governo que sai e o que entra e o Congresso Nacional, as coisas vão caminhando com a agilidade possível. Deve ser aprovada esta semana a validade de dois anos para a ajuda do governo aos pobres desamparados, que também volta a atender pelo nome original de Bolsa Família – mais uma amostra de que Jair é cada dia mais um nome próprio comum e sem graça.
Neste ambiente no qual entre os chegados só Carluxo mantém alguma fidelidade ao chefe do clã, por que a notícia de que Neymar Jr retirou seu apoio seria importante? Só pode ser para destacar o interesse pessoal do jogador sonegador. Não importa muito…ou, antes não tem nenhuma importância para mais de 200 milhões de patriotas em chuteiras. Para esta imensa legião, é bom mesmo que Neymar Jr apoie Richarlison e Vinícius Jr – e que venha a Croácia.