Racismo Religioso e a perseguição da fé do povo negro

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Embalados pelo festejo em homenagem a Santa Bárbara que ocorre no último dia 4 dezembro, infelizmente, acordamos com a cinza do ódio e racismo religioso diante da depredação da escultura de Mãe Stella de Oxóssi.

É comum que, tal ato odioso como esse, seja classificado como intolerância religiosa, mas a intolerância religiosa pode ocorrer com qualquer crença que sofra discriminação.

Já o racismo religioso, é um processo de criminalização histórica acerca da fé dos povos negros na diáspora escravocrata brasileira.

O urgente debate do racismo religioso reafirma a necessidade de engajamento na pauta do reconhecimento dos direitos.

No último mês de novembro, Iyá Paula de Odé, foi impedida de dar suporte espiritual ao seu filho de santo que se encontrava acamado no Hospital Estadual Carlos Chagas, localizado na zona norte do Rio de Janeiro.

Contudo, a Constituição da República Federativa do Brasil, deixa determinado que uma pessoa internada em um hospital tem o direito constitucional de apoio religioso. Sacerdotes como padres e pastores conseguem o acesso a esse direito com facilidade, porém, pais e mães de santo relatam que não conseguem dar suporte espiritual aos filhos de santos e consulentes dos terreiros.

A justiça de Xangô não é cega. A flecha de Oxóssi continuará a reinar firme nos terreiros de candomblé, com Ogum e Oxoguian na luta a favor da liberdade de culto, garantida na Constituição Federal, no artigo (5°), inciso VI, que estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais e as suas liturgias.

Estamos no mês de dezembro é cultural vestir-se de branco pedir um ano novo de paz, tomar banhos de folhas, entre outros costumes brasileiros incorporados a partir da cultura das religiões de matriz africana.

No entanto, ainda existe um discurso de uma crença religiosa em uma perspectiva nem um pouco laica.

Não será um incêndio criminoso que apagará a memória e os feitos da ialorixá Stella de Oxóssi. Todo legado de Mãe Stella de Oxóssi estará latente no Ilê Axé Opô Afonjá e em cada sujeito preto de candomblé.