Depois de seis anos de prisão preventiva em Bangu e sem pena definitiva, Sérgio Cabral, foi beneficiado com tornozeleira eletrônica e já amanhece em Copacabana há alguns dias. Está abatido e em nada faz lembrar o poderoso político no comando de uma mesa de empresários no restaurante chique parisiense divertindo-se com guardanapos de linho sobre as cabeças em volta da mesa. A justiça vesga da Lava Jato do juiz Marcelo Bretas foi julgando e condenando Cabral a mais de 400 anos.
Naquela trupe – que foi definitiva na condenação do governador, elo acinte do esbanjamento, da bebedeira e de tudo o mais – estava um dos empresários fornecedores do governo do estado, se não me engano de nome Fernando Cavendish, forçado a adquirir por 800 mil euros um anel para Cabral pôr no dedo da mulher, Adriana Ancelmo, também na comitiva da alegria. Era tanta grana ao alcance das mãos de Sérgio Cabral que os investigadores se impressionaram com os assentos térmicos das privadas da luxuosa casa na Marambaia.
O governador chegou a alugar sala num prédio comercial de Ipanema para guardar o dinheiro de comissões recebido em espécie, coisa de sete milhões de reais. Cobrava “por fora” por tudo e por nada e não disfarçava os sinais exteriores de riqueza. Cabral é filho de outro Sérgio Cabral, jornalista respeitado, autor de livros e peças de época como “Sassaricando”, hoje com Alzheimer avançado. Sua mãe, Magaly, dirigiu o Museu da República, antigo Palácio do Catete, e esteve com o filho dois dias antes de ser solto com tornozeleira eletrônica.
Ninguém recebeu punição tão severa e radical quanto o governador fluminense, na Lava Jato no país inteiro. As penas a que Cabral está sujeito somam mais 400 anos de cadeia, o que considero pura exibição judicial. Muito mais proveitoso seria recuperar os muitos milhões roubados e deixá-lo preso por pouco tempo, porque cadeia não melhora ninguém, ainda mais num país onde o crime compensa, sim, senhor. Ou o distinto público pensa que algum delator da Lava Jato perdeu tudo na cadeia? Bem, mas isso é outra prosa, para outra oportunidade.
‘