O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, assume o cargo em cerimônia no auditório do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC)

“Pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, travestis, intersexo e não binárias, vocês existem e são valiosas para nós”. Ontem, o discurso de posse do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, o mais emocionante entre os nomeados pelo presidente Lula, reverberou reivindicações históricas de travestis e transexuais.

Entre tantas ocasiões nas quais essas pautas são apresentadas, a Agência de Notícias das Favelas (ANF) constatou, há pouco mais de um mês, as reivindicações da Marcha Trans e Travesti, no Rio de Janeiro. Segundo uma das apresentadoras do evento, Olívia Cruz, 26 anos, travesti não-binária, atriz e taróloga, moradora de Maricá, estão ocorrendo avanços importantes.

Ela fala sobre a importância da volta da Marcha Trans e Travesti, após quase 30 anos. “A marcha acaba voltando no ano das eleições mais marcantes; podemos dizer, assim, que foi o combate pra manter a democracia e afastar o neofacismo.”

Ocupar espaços

Olívia Cruz rememora a trajetória de reivindicações e a diversidade. “Antigamente, foram as travestis que começaram, era a marcha travesti, e a gente vê agora pessoas trans se organizando com corpos muito múltiplos. Nós vemos homens, mulheres trans, nós vemos travestis, corpos intersexos, pessoas não binárias.’’

A apresentadora Olívia Cruz na Marcha Trans. Crédito: Thalys Maia/ANF

A apresentadora fala sobre a necessidade de ocupar os espaços da cidade. “Nós estamos ocupando o centro da cidade, estamos mostrando que esses corpos são vistos, que eles estão na cidade, que nós estamos aqui. E além de nós sermos vistos por quem está de fora, a gente se vê também, que somos uma massa, não estamos só. E a gente precisa desse apoio, a gente precisa ver que existem outros corpos parecidos e como os nossos.”

Afetividade

Olívia fecha sua fala tratando das possibilidades para a marcha. “É um espaço pra a gente fazer política, é um espaço pra a gente beijar na boca, porque é importante transcentrar.” Relacionamentos transcentados são formados apenas por pessoas trans.

Para a apresentadora, “é um espaço pra a gente poder se divertir, porque afeto também é política e acho que se reunir nesse espaço com tantas pessoas dá possibilidade pra isso também, pra troca de afetos.”

Resistência materna

Também estiveram presentes representantes do movimento Mães da Resistência. Adriana Mota, 51 anos, pedagoga e moradora de Niterói, é mãe de um homem cis gay e falou com a ANF sobre a presença da ONG na marcha.

“Já tem um ano que nós fundamos o mães da resistência. Nós somos responsáveis por essas pessoas e entendemos que a nossa luta é ampliar o amor que a gente tem pelos nossos filhos, pra que a gente lute por uma sociedade que seja amorosa, acolhedora e respeitosa”.

Ela enfatizou o papel do amor na luta da organização. “A gente coloca o nosso amor de mãe, o nosso amor de pai em prol da causa e da luta da população LGBTQIAP+. Nós temos muito respeito e amor por essa pauta, por essa luta.”

Para Adriana Mota, a Marcha “é um sopro de esperança, daquilo que a gente tá conseguindo respirar depois desses últimos anos tenebrosos.” Para ela, o evento, após muito tempo de silenciamento da população trans e travesti, serve “pra dizer que estamos vives, pra dizer que travesti, homem trans, mulher trans tem mãe e pai.”

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