Reyynam Poeta: jovem preto e periférico usa música como resistência e protesto

Crédito: MAPAM

Um grito de resistência numa mensagem de amor é o que traz a nova música do cantor e compositor baiano Reyynam Poeta. Com uma melodia que promete encantar com sua leveza e letra potente, “Salvamor” foi escrita a partir de um sonho e de vivências amorosas presentes em muitos relacionamentos afrocentrados.

“Nós vivemos em uma sociedade que é programada para empurrar pessoas pretas para o abismo da solidão, isso está presente na negação do acesso, na negação das oportunidades, do emprego, na hostilidade da academia, no preterimento, na imposição de que nossos traços e tons são feios, no reforço dos estereótipos. Está presente nas ausências que aprendemos a lidar ao longo da vida e o medo de ter a caminhada interrompida abruptamente sem tempo para despedidas”, comenta Reyynamm

A canção chega às principais plataformas digitais nesta quinta-feira, 19 de janeiro, como o primeiro lançamento do artista para 2023.

O refrão da nova música, “beijo a minha preta em praça pública”, faz referência ao poema de Lande Onawale, publicado no Movimento Negro Unificado, em 1991, quando este ainda assinava como Ori. Com esse novo lançamento, o cantor pontua que espera conectar mais pessoas com a pulsação da rua e o entendimento da importância de demonstrar amor, sobretudo nas relações entre pessoas pretas.

“Salvamor” é mais uma composição de Reyynam Poeta e exala baianidade em cada detalhe. A música tem coprodução assinada por Carlos Vilas Boas (no arranjo) e Rafael Brandão (no beat), com gravação realizada na Caverna do Som. A produção artística foi da Cafofo Produções, com Jairo Pinto. A canção ainda conta com duas vozes femininas: a atriz Erika Maia e a cantora Zannalua.

“Salvamor é como eu escolhi dizer para mundo que independente das marcas sociais que me perseguem, das ausências e traumas que ainda tô aprendendo lidar, e das diversas adversidades que já enfrentei e ainda enfrento na vida, quem faz minhas escolhas sou eu, por isso escolho está vivo driblando esse sistema indo na contramão de tudo que socialmente está reservado para homens pretos nessa “Máquina de Traumas” chamada Brasil”, afirma.

O pré-save da música já pode ser feito no Spotify e no Deezer através do link presente na biografia do Instagram de Reyynam Poeta, @reyynampoeta. Para quem deseja conhecer um pouco mais do trabalho do artista, o EP “Corpo Fechado” está disponível nas principais plataformas digitais.

Origem do artista

Reyynam mora na Itinga, periferia de Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador e costuma trazer situações presentes no dia-a-dia, enquanto jovem preto e periférico, para letra das suas músicas, como forma de resistência e protesto. Desta forma, a mensagem que “Salvamor” revela não poderia ter uma essência diferente.

Natural de Salvador, está envolvido no mundo da arte desde 2013, quando aos 17 anos deu início ao seu primeiro projeto de intervenção artística: “Arte por Arte, Poesia de Busão”.

No ano de 2015, o artista ingressou na música, criando a banda Netos de Pedro Bala, nome inspirado no romance Capitães da Areia, de Jorge Amado.

Dois anos após, em 2017, produziu seu primeiro evento: o Sarau NPB, que contou com algumas edições, todas em Lauro.

No final de 2020, Reyynam participou da Semana Internacional de Música de São Paulo, onde lançou o clipe do single “Basta”, som que fala sobre masculinidade tóxica, para um público formado por pessoas de diferentes países. O mesmo som levou o cantor à final do Festival Nacional Cawcine 10 anos, na categoria Melhor Cantor.

Em abril de 2021, ele lançou o seu primeiro EP, intitulado “Corpo Fechado”, composto por cinco músicas que falam sobre racismo, masculinidade tóxica, desigualdade social e violência, num tom de revolta somado à esperança: “Máquina de Traumas” feat. Nelson Maca e Wall Cardozo, “Pela Minha Liberdade”, “Corpo Fechado” feat. Lari Lima, “Madrugada” e “Basta”. O EP também foi gravado no estúdio Caverna do Som, com a produção da Cafofo.

O álbum, que foi lançado através da Lei de incentivo Aldir Blanc, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), garantiu ao artista a posição de destaque na categoria Black Music numa das maiores plataformas de música do Brasil, a Palco MP3, em outubro do mesmo ano.

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