O morador de rua Carlos vive com oito cachorros pelas marquises de Curitiba. Sobrevivendo nas ruas há 20 anos, ele tenta amenizar a situação dos animais abandonados. “Eu divido meu cobertor e meus alimentos com eles, porque sei que estão abandonados igual eu”. Não só nas ruas, mas nas periferias e favelas, cresceu a população de bichos sem donos na capital paranaense.

Carlos relata que, com a pandemia, os abrigos que aceitam animais fecharam, aumentando muito o número de bichos abandonados na rua. O relato de Carlos é versão real dos dados da pesquisa Animais em Condição de Vulnerabilidade (ACV), realizada pelo Instituto Pet Brasil.

Segundo o levantamento, o Brasil possui 184.960 animais resgatados sob tutela de protetores ou ONGs. Entre eles, 96% são cachorros e 4%, gatos. O Instituto considera como animais em condições vulneráveis aqueles que estão sob tutela de famílias abaixo da linha da pobreza, ou que vivem nas ruas, mas recebem cuidado da população ao redor.

Acolhimento nas quebradas

O alto número de animais abandonados em favelas na grande Curitiba também cresceu durante a pandemia. Maria Eunice, da Vila União, morava sozinha com dois gatos e um cachorro. Em uma manhã, acordou com uma gata prenhe no quintal.

Penalizada, resolveu adotar. A gata, que passou a se chamar Mel, teve nove filhotes. Agora são 12 animais que sobrevivem com renda de auxiliar de limpeza de Eunice.

“Eu faço bicos de costureira também. É tudo muito caro. Eu sou sozinha, estou doando os gatos e tentando castrar, porque tem menino e menina aqui, se não tiver cirurgias, terei mais que cem gatos daqui a pouco.”

Sem estatísticas

A estudante de Veterinária Aline Martiore explica que o problema é pior do que subnotificação. “Falamos em subnotificação, mas, na verdade, não há nenhum tipo de contagem desses animais”.

Ainda de acordo com ela, o mais próximo de alguma estatística desses animais em Curitiba são as iniciativas não governamentais e os relatos vindos do Observatório Nacional de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua.

“São esses documentos, somados às ações da universidade, que estão dando base para gente começar os estudos e propor como ajudar esses animais, mas ainda é tudo muito incerto”, diz Aline.

Comida cara

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (DIEESE), a inflação de alimentos para pets foi de 22,9% no acumulado de 12 meses do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Esse é um dos motivos de muitos donos de animais não conseguirem arcar com os custos de ração e veterinário, entre outras despesas, para manter animais de estimação saudáveis.

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