Partindo de uma origem católica, sendo a última oportunidade de festejar antes da abstinência de 40 dias que antecede à Páscoa, o Carnaval foi criado para oferecer aos fiéis uma última oportunidade de extravasar antes de se recolher à prática da fé. No Brasil, a festa tem origens diversas e surgiu em diferentes épocas nas capitais.

São Paulo 

Em São Paulo, a primeira escola de samba paulistana – a Lavapés – foi fundada em 1937, mas o primeiro desfile só aconteceu 18 anos depois, em 1955, no Parque Ibirapuera.

O evento passou a ser realizado no Sambódromo do Anhembi apenas em 1977. No Carnaval da cidade, é interessante observar a relação entre futebol e samba, já que muitas das escolas derivam de torcidas organizadas, como a Gaviões da Fiel, dos corintianos, e a Mancha Verde, dos palmeirenses.

Rio de Janeiro

Com seu primeiro baile de Carnaval registrado em 1840, a tradição do festejo carioca ainda hoje é um dos maiores atrativos turísticos da cidade. A cada ano, ela começa a ser celebrada mais cedo.

O primeiro bloco de 2023, por exemplo, desfilou em 8 de janeiro. A expectativa é de que cerca de 5 milhões de pessoas visitem a cidade para a folia nas ruas.
No último Carnaval regular, em 2020, foram mais de 2.1 milhões de turistas, que ajudaram a movimentar R$4 bilhões, segundo a Riotur.

Entre os internacionais, argentinos, estadunidenses e ingleses foram as nacionalidades que mais ocuparam a cidade maravilhosa.

O órgão observou também que a permanência média foi de 12 dias na cidade, excedendo o calendário oficial da festa na Sapucaí, que dura em torno de seis dias apenas. Entre os turistas brasileiros, os paulistas foram mais de 30%, seguidos pelos gaúchos e mineiros.

Salvador

Salvador revolucionou a comemoração carnavalesca com seu trio elétrico. O “trio”, inclusive, foi assim chamado pois sua estreia aconteceu em um desfile com três integrantes em cima de uma carro popular da década de 1950, o Fobica.

Dodô, Osmar e Temístocles subiram a ladeira que leva à Praça Castro Alves tocando música ao vivo, arrastando milhares de pessoas por cerca de 16 horas. Pouco tempo depois, o nome do grupo passou a ser usado para se referir ao caminhão com palco que circula com estrelas da música popular durante a festa soteropolitana.

Ao todo, 25 quilômetros de circuitos de carreata serão ocupados nos próximos dias.
O Carnaval baiano, no entanto, só ganha a proporção que tem hoje vinte anos depois, quando começam a criar canções exclusivamente para a festividade.

Caetano Veloso, Moraes Moreira e Os Novos Baianos, por exemplo, foram alguns dos responsáveis pelos primeiros hits de carnaval da cidade. Já na década de 1980, com a popularidade do axé, a folia regional se diferenciou ainda mais da carioca graças à influência dos instrumentos de sopro e percussão caribenhos.

Olinda

Os bonecos de Olinda (PE) são outro destaque do festejo nordestino. Com mais de dois metros de altura, o primeiro deles alegrou a cidade pela primeira vez há 90 anos. Frequentadoras das ruas da capital e do Recife Antigo, as escolas de samba locais também são quase centenárias.

A temporalidade das celebrações deste feriado, mais uma vez, mostra o quão rico em tradições históricas ele é, reforçando sua importância cultural para o país, que impacta também a economia.
Mas os bonecos gigantes não são a única peculiaridade local. Danças folclóricas típicas, como frevo e maracatu, predominam na manifestação pernambucana.

Segundo destino de festejos no estado, os primórdios do carnaval de Recife apontam para a comemoração da Folia de Reis, no século XVII. Cem anos depois, o maracatu virado arrebatou a cultura local. Com raízes africanas, essa expressão se popularizou após a abolição da escravatura brasileira, encenando a coroação do Rei do Congo.
Ainda assim, o que tornou Recife um dos destinos disputados para a época foi o Galo da Madrugada. Fundado em 1978 por Enéas Freire, o galo desfilou pela primeira vez em janeiro de 1978, seguido por apenas 70 pessoas.

Anos depois, ele viria a ser reconhecido pelo Guinness Book como o maior bloco de Carnaval do Mundo. Em 2020, 3,6 milhões de foliões passaram pela cidade, sendo 400 mil deles turistas estrangeiros.

Com isso, foram movimentados R$295 milhões. Aqui, a moeda estrangeira faz toda a diferença.

Belo Horizonte 

Há registros de que o primeiro carnaval de Belo Horizonte aconteceu em 1897, há 114 anos, quando homens se vestiram de mulher para seguir carros que salpicavam confetes e serpentinas. A tradição carnavalesca foi retomada apenas nos anos 1990, mais de cem anos depois.

Em 2009, a cidade voltou a despertar para a folia nas ruas com o desfile de blocos e, desde então, a cidade conta com toda uma programação para a data.

Hoje, 12 desfiles acontecem na cidade. O Grêmio Recreativo Escola de Samba (GRES) Inconfidência Mineira, de 1951, é a mais antiga ainda em atividade, enquanto o GRES Galocura, criado em 2007 pela torcida do Atlético Mineiro, é a mais nova.
A festa momesca também é importante para o calendário econômico da cidade, tendo se solidificado enquanto produto. Em 2020, mais de 4 milhões de pessoas a escolheram para pular o Carnaval.

Este ano, estima-se que o número chegue a cinco milhões. Segundo o Sindicato de Hotéis, 200 mil mineiros estão a caminho da capital, o que pode atingir 100% da ocupação hoteleira.

Curitiba

No Sul, a festa chegou de forma mais tardia. O primeiro concurso carnavalesco de Curitiba (PR) data de 1942.

Ainda é possível assistir aos desfiles das nove escolas de samba locais, entre os grupos especial e de acesso, mas esse destino se diferenciou dos demais devido à sua programação alternativa, que estimula àqueles que não são os maiores fãs da celebração tradicional.

Hoje, o Zombie Walk é o maior evento da cidade para o período. Nele, todos se vestem de zumbi para se arrastar pelas principais ruas da cidade, chamando atenção por suas maquiagens elaboradas e realistas, que assustam qualquer um.

Mantendo o padrão alternativo, um festival de rock, o Psycho Carnival, também acontece nessa época.

Florianópolis 

Em Florianópolis (SC), o destaque fica com o Carnaval de Salão: bailes privados onde sambas-enredo, marchinhas e até ritmos nordestinos embalam o público.

Contudo, a festa de rua, como se popularizou no país, pode ser encontrada nos bairros de Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui. Já as praias abrigam muitas festas eletrônicas.

Esse ano, a cidade deve receber um milhão de pessoas e, mesmo não sendo um dos maiores destinos carnavalescos, registra aumento médio da diária na rede hoteleira de 20%. Estima-se que 83% dela deva estar ocupada este ano.

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