A escola de samba Imperatriz Leopoldinense, sediada no bairro de Ramos, subúrbio da zona Norte do Rio de Janeiro, é a grande campeã da série especial dos desfiles de 2023 do Carnaval. Os fãs da escola estão realizando um sonho ao ver o grupo vencendo após 22 anos de espera.
A Imperatriz foi uma das várias que escolas que prestaram homenagem à cultura nordestina este ano. O tema foi Lampião, personagem histórico que deixou um forte legado cultural ao país.
Lampião
Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, ou pelo seu título, Rei do Cangaço, foi uma importante figura histórica do sertão nordestino, que viveu no século XX.
Ao lado de sua esposa, Maria Bonita, ele liderava bandos que cometiam ações criminosas. Porém, eram vistos como heróis por boa parte da população, que propagava seus atos de coragem. Em tempos recentes, chegou a ser chamado de “Robin Hood” brasileiro.
O samba enredo, as fantasias e carros alegóricos da Imperatriz brincaram com essa dubiedade presente na fama de Lampião, contando sobre a sua morte e tentativas de entrar no céu e inferno. Após ser expulso dos dois, Lampião acabou desfilando na avenida.
Recentemente, a plataforma de streaming Netflix lançou uma série nacional de comédia baseada nas aventuras de Lampião. Na obra O Cangaceiro do Futuro, o ator Edmilson Filho, que interpreta Virguley, viaja no tempo e, confundido com Lampião, cria seu próprio bando e vive como se fosse o capitão.
Representatividade nordestina
O fato de escolas de samba homenagearem a cultura nordestina e sua história é de notável importância, tendo em vista as grandes migrações de populações nordestinas para o Sudeste, ocorridas a partir dos anos 50.
Muitas favelas e bairros da cidade do Rio de Janeiro foram criados a partir da chegada dessa população. Os desfiles de escola de samba são protagonizados pelo povo favelado, e contar a história do Nordeste é contar a história dos integrantes das agremiações.
Confira o samba enredo da Imperatriz Leopoldinense
“Imperatriz veio contar pra vocês
Uma história de assombrar, tira sono mais de mês
Disse um cabra que nas bandas do Nordeste
Pilão deitado se achegava com o bando
Vinha no rifle de corisco e cansanção
Junto de Cirilo Antão, Virgulino no comando
Deus nos acuda, todo povo aperreado
A notícia corre céu e chão rachado
Rebuliço no olhar de um mamulengo
Era dia 28 e lagrimava o sereno
E foi-se então… Adeus, capitão!
No estouro do pipoco
Rola o quengo do caboclo
A sete palmos desse chão
Nos confins do submundo onde não existe inverno
Bandoleiro sem estrada pediu abrigo eterno
Atiçou o cão cá-trás, fez furdunço
E Satanás expulsou ele do Inferno
O jagunço implorou lugar no Céu
Toda santaria se fez de bedel
Cabra-macho excomungado de tocaia no balão
Nem rogando a Padim Ciço ele teve salvação
Pelos cantos do sertão… Vagueia, vagueia
Tal qual barro feito a mão misturado na areia
Quando a sanfona chora, mandacaru aflora
Bate zabumba tocando no meu coração
Leopoldinense, cangaceiro, a minha escola
Eis o destino do valente Lampião”
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