A arte é uma forma de expressão e comunicação que transcende as barreiras da linguagem e é capaz de transmitir emoções e ideias de forma única.
No Brasil, o Dia do Artista Plástico é comemorado em 8 de maio. Essa data foi escolhida em homenagem a um dos maiores pintores brasileiros, José Ferraz de Almeida Júnior, que nasceu em 8 de maio de 1850.
Por isso, a Agência de Notícias da Favela (ANF) parabeniza todos os artistas plásticos, pela importante contribuição na preservação da memória e da identidade cultural do Brasil, e pelo enriquecimento de nosso patrimônio cultural.
Ao longo da história, artistas plásticos baianos deixaram um legado significativo na arte brasileira, como Carybé, Mário Cravo, Rubem Valentim, entre outros.
E atualmente, a Bahia continua sendo um celeiro de novos talentos na área das artes plásticas, como por exemplo, os artistas Ed Ribeiro e Lívia Passos ( colaboradora da ANF).
Ed Ribeiro, artista plástico e escultor, conhecido como o “Pintor dos Orixás”, é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos maiores pintores da cultura africana. É considerado o maior mestre contemporâneo da arte em “Derramamento de tintas”, técnica que cria formas e texturas únicas em suas obras, sem o auxílio de pincéis e nem espátulas.
Para dar forma à composição, ele derrama tinta na superfície desejada na posição horizontal, e vai movimentando de acordo com a forma que pretende realizar, a tinta que derrama e escorre sobre a tela, dá uma sensação de movimento e fluidez à figura representada.
Nas obras expostas, Ed Ribeiro utiliza cores vibrantes e formas abstratas para retratar os orixás e suas conexões com a natureza, com a cultura e com os seres humanos. Cada um tem sua própria história, personalidade, símbolos e cores associados, e é frequentemente retratado em forma humana, animal ou de elementos da natureza. Entre os principais orixás cultuados na religião afro-brasileira estão Oxalá, Oxóssi, Xangô, Ogum, Iemanjá, Nanã, Oxum e Exu, entre outros.
Ser reconhecido como o “artista dos orixás” é uma honra para ele, declara o artista e explica: “Sempre pinto os orixás de acordo com seu dia, como por exemplo Exu, sempre em uma segunda-feira, e assim segue a semana…”, comenta.
O artista está percorrendo diversos espaços culturais do Brasil, com a exposição “Conecte-se com o Sagrado”, a mostra que reúne obras inspiradas nas tradições e rituais das religiões de matriz africana, em especial do candomblé. Com a finalidade de promover a reflexão sobre a importância do sagrado na vida das pessoas, além de valorizar e difundir as tradições religiosas afro-brasileiras.
Com a curadoria da Tartaglia Arte, Ed Ribeiro teve a oportunidade de expor sua obra na exposição “Conecte-se com o Sagrado” no Centro Cultural Correios, Rio de Janeiro, em março deste ano. O artista transmite por meio de suas obras uma conexão profunda com a espiritualidade e a ancestralidade afro-brasileira, além de uma sensibilidade artística singular.
Para os diretores e curadores da Tartaglia Arte, Regina Nobrez e Riccardo Tartaglia, “…Ed passa seu talento e profunda sensibilidade na sua imensa busca artística, cria imagens de pura força, inovadora e impactante, certamente será uma grande exposição abençoada. ”, conta Regina.
O artista esta em Minas Gerais para participar do 1º Encontro Regional Afromineiridades com a exposição ‘Conecte-se com o Sagrado’, a convite do Coletivo Arerê, por intermédio de Eva do Arerê, uma das fundadoras e lideranças do grupo. O evento acontece na Casa de Cultura Gabriela Mendonça, em Conselheiro Lafaiete, até dia 20 de maio, e a entrada será gratuita.
Coletivo Arerê
É um grupo cultural brasileiro que atua na cidade de Belo Horizonte e tem como objetivo a valorização e difusão da cultura afro-brasileira. Entre suas atividades, está a realização de eventos, cursos, oficinas e exposições que abordam temáticas ligadas às raízes e tradições africanas. Eva do Arerê, responsável pelo evento, destacou a importância da transmissão do conhecimento da ancestralidade e manifestou sua alegria em ter o artista realizando a exposição.
“É um trabalho que eu já tenho na cidade desde de 2013, falando sobre a intolerância religiosa e o racismo. A ideia é transmitir o conhecimento sobre o passado, sobre o que é a nossa história, nossa ancestralidade. Esse encontro vem marcar uma nova realidade aqui nesta minha luta de mostrar a beleza e a sensibilidade. Eu estou maravilhada e muito emocionada de ter o Ed aqui apresentando suas obras divinas, que venha com todas as forças e energias a uma grande transformação na realidade da sociedade Lafaietense”, diz Eva.
O artista expressou a alegria de ter recebido o convite para levar sua arte e conhecimento para Minas Gerais e em outras partes do Brasil. “É importante eu fazer a minha parte em levar o Candomblé para os 4 cantos do Brasil, e aos poucos a gente vai diminuindo essa intolerância, essa rejeição que existe com a religião e a cultura afro-brasileira. ”, conta Ed Ribeiro.
Lívia Passos
Um artista visual e profissional da saúde que tem se destacado por suas obras tendo como base o reuso de materiais hospitalares não infectantes, com um foco na preservação ambiental. Além de seu trabalho com a reutilização de materiais hospitalares, ela também é ilustradora e escritora de livros infantis.
Utilizando materiais como o isopor, placas de MDF e PVC, papel, papelão das caixas de medicações, frascos e tampas de embalagens de medicamentos, ela transforma resíduos em verdadeiras obras de arte, explorando formas, cores e texturas de maneira criativa e inovadora.
A artista relata que o seu trabalho tem uma dimensão social, ao promover a conscientização sobre a importância da reciclagem e da sustentabilidade, na produção cultural e no fomento à diversidade.
“Decidi fazer um trabalho quanto à coleta seletiva dos resíduos sólidos hospitalares recebi muitos não, tive que criar estratégias para alcançar meus objetivos, durante a caminhada fui me descobrindo primeiro como uma mulher preta depois como capaz de construir uma nova história e nesse momento a arte me arrebatou, exatamente assim. E no processo de reutilização fui descobrindo minha poética, tendo consciência das histórias que queria contar”, diz Lívia.
Lívia é uma artista bastante engajada e criativa. Participou de projetos como “Ilustrando Histórias Negras Infantis”, “Saci-Educação Infantil Patrimonial” e “Mapa da Literatura Negro-brasileira para Infâncias”, que buscam promover a representatividade negra na literatura infantojuvenil. Lançou seu primeiro livro infantil, “O Dia dos Caretas, Zambiapunga”, na Feira Literária Internacional do Pelourinho em 2022, disponível na plataforma Amazon.com.br.
Dando continuidade, participou da Oficina Criativa de Livros de Pano e da Bienal do Livro, Bahia, experiência enriquecedora para a artista. Além disso, fez sua primeira exposição “Arvorecer” na Casa do Benin, um espaço cultural localizado no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, Bahia.
A Casa do Benin tem como objetivo preservar e divulgar a cultura afro-brasileira, através de exposições, shows, oficinas, palestras e outras atividades. Possui um acervo de arte africana e afro-brasileira, o espaço é gerenciado pela Fundação Gregório de Mattos, da Prefeitura de Salvador.
Recentemente, á artista foi convidada para fazer a abertura da aula inaugural sobre Empreendedorismo e Diversidade na Universidade Federal da Bahia, realizada no último dia 5. Isso demonstra o impacto positivo do Projeto Revivart e a relevância da temática da sustentabilidade e da criatividade na educação ambiental.
Através da curadoria de Oscar D’Ambrósio, renomado crítico de arte e curador brasileiro, a artista Lívia Passos apresentará suas obras de arte criadas a partir de materiais recicláveis na exposição “Do Coletor do Resíduo Reciclável ao Luxo das Artes”, que será realizada no Museu Nacional de Enfermagem (MuNEAN), localizado no Pelourinho, Centro histórico de Salvador. É uma grande conquista para a artista e um reconhecimento do seu trabalho.
A exposição fica em cartaz até o dia 10 de junho e a visitação pode ser realizada às segundas-feiras, das 12h às 16h45; de terça-feira a sexta-feira, das 10h às 16h45; e aos sábados, das 10h às 12h45.
“Falo nos meus trabalhos artísticos da minha ancestralidade, de onde eu vim, das histórias do meu povo que foi arrancado e escravizado, do cuidado com meio ambiente quanto falo de consumo e descarte e desigualdade sociais e diversidade quando em várias obras mostro o conjunto de tampas de remédios que sozinhas não causam impactos, mas quando Unidas ganham força. Não é fácil ser artista visual quando sua condição é mulher preta, 52 anos e Técnica de Enfermagem. Mas o meu tempo é agora e nada vai me impedir “, relata Lívia.
A Bahia é um estado com uma rica diversidade cultural, influenciada pela presença africana, indígena e europeia. E essa mistura de tradições e influências se reflete na arte produzida pelos artistas plásticos baianos, que são reconhecidos nacional e internacionalmente. Parabéns pelo trabalho e contribuição para a sociedade! Vocês utilizam suas habilidades para criar obras que nos fazem refletir, nos emocionar e nos conectar com a cultura e a história da humanidade.