As oficinas de produção audiovisual do projeto Erê Sankofa estão sendo realizadas no Centro Cultural Grupo Bongar, localizado na comunidade quilombola Xambá, em Olinda (PE). A iniciativa promove a formação técnica e artística audiovisual para jovens de 12 a 18 anos, com prioridade para estudantes da rede pública, pessoas negras e moradoras de comunidades.
A programação foi dividida em três módulos. O primeiro, sobre a história das pessoas que fazem a vida e a cultura no quilombo Xambá, é conduzido pela produtora, curadora e programadora de cinema Rayanne Layssa, e Marileide Alves, produtora, jornalista escritora e autora de Povo Xambá resiste: 80 anos da repressão aos terreiros em Pernambuco.
Nestes encontros iniciais, além do aprendizado sobre produções negras e indígenas no Brasil e no mundo, além de exercícios sobre narrativas audiovisuais, os jovens estão tendo contato aprofundado com a ancestralidade, através da história e o legado da nação Xambá.
“O mais legal do projeto é a possibilidade de troca e de proximidade que a turma começa a ter a partir da lógica que o cinema é uma arte coletiva, tanto no modo de fazer, como no modo de pensar”, define a facilitadora Rayane Layssa.
Expansão da sensibilidade audiovisual
O segundo módulo aborda uso dos equipamentos audiovisuais através de exercícios lúdicos que favorecem uma expansão da sensibilidade, realizado neste mês de maio e junho. O foco são as técnicas de produção de vídeo, manuseio de equipamentos, filmagem e edição com os facilitadores Thiago das Mercês, ator, produtor e realizador audiovisual, e Bruna Leite, realizadora audiovisual e arte-terapeuta em formação.
“O projeto parte da ideia da utilização do celular, ferramenta que diariamente está nas nossas mãos. A partir disso, é fazer com que a gente registre memórias, usando o equipamento a nosso favor. Partindo desse princípio, trago a oficina para sabermos da nossa trajetória, da nossa árvore genealógica e quem somos”, explica Thúlio Xambá, idealizador do projeto, arte-educador, músico e multiartista.
Hora de criar, captar e editar vídeos
O terceiro e último módulo intitula-se Ficcionalizar e performar entre o imaginário e o real, fechando a programação com exercícios práticos de criação com os facilitadores José Carbonel, realizador audiovisual e grafiteiro, e Biarritzzz, artista visual das imagens em movimento, hackeamento de linguagens, pesquisadora de culturas da internet e memes, montadora e editora de vídeo.
Thúlio Xambá revela também que a ideia surgiu por meio de uma vivência com o cantor e compositor Guitinho da Xambá, de Olinda. “À época, participei dessa formação audiovisual e agora estou plantando, dando e multiplicando as sementes. A comunidade da Xambá é a minha universidade e de todo o movimento que é e foi construído dentro e fora do nosso território”, ressalta.
Incentivando que mais gente chegue
“Só tenho a agradecer pela oportunidade de estar participando do Erê Sankofa. O conhecimento está sendo imenso, de grande valia. Temos aprendido sobre o processo de criação, edição, foco, além das ferramentas. Tem sido de extrema importância agregar e repassar o que aprendi, somando também com o que posso acrescentar”, comenta o participante Ninho Brown.
Nesta edição do projeto, 25 pessoas começaram a formação. “Entendemos que o processo é para todos e todas. Esperamos que, no próximo módulo, o restante do pessoal inscrito chegue na oficina, além de mais pessoas. Nosso processo seletivo não é rigoroso porque sabemos das dificuldades. A gente, por exemplo, lançou um formulário de inscrição na internet, o que já dificulta a participação de algumas pessoas pela falta de acesso”, analisa Thúlio Xambá.
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