Amanhã, dia 28 de maio, é o dia Internacional da Dignidade Menstrual, motivo pelo qual serão distribuídos 10 mil pacotes de absorventes em Belo Horizonte para adolescentes e mulheres quilombolas, indígenas, em situação de rua, em cumprimento de medidas socioeducativas e em regime carcerário.

Cerca de 6 mil itens de higiene a serem distribuídos pela ação foram produzidos por mulheres em situação de cárcere, do Complexo Penitenciário Feminino Estévão Pinto, em BH. Além da entrega dos absorventes, a ação promove atividades em grupo, apresentações culturais, encontro com lideranças locais e conversas sobre saúde menstrual.

De acordo com a ativista Benilda Brito, trata-se da garantia do direito à saúde e ao respeito. “É importante que as pessoas saibam que as pessoas que menstruam têm direito a absorventes e produtos de higiene. Quando esse direito é violado, impacta muito diretamente as condições de trabalho, de acesso à escola e saúde”, explica.

Combate à pobreza menstrual

Menstruar é um fator biológico natural, mas ainda há milhões de pessoas que não têm acesso a itens básicos de higiene menstrual. Essa falta de recursos, infraestrutura e conhecimentos para vivenciar a menstruação de modo digno e saudável caracteriza a pobreza menstrual.

Falar sobre menstruação nem sempre é uma conversa fácil. Até bem pouco tempo, e em algumas famílias até hoje, o assunto é constrangedor e deixa as mulheres envergonhadas.

Em diversas partes do país ainda se usa a expressão estar de chico para amenizar a pronúncia. Mas o que poucos sabem, é que chico, no português de Portugal, é sinônimo de porco.

Essa conexão com a menstruação vem de uma época em que o período menstrual era considerado sujo, como um impedimento para relações sexuais e indicações de que a menstruada estava impura.

Nessa condição, ela não era digna de realizar tarefas do dia a dia, como cozinhar, pois a manipulação com os alimentos poderia contaminá-los.

O uso do absorvente também era visto como algo vergonhoso. Tanto que, devido à relutância das mulheres, o absorvente era chamado de modes, que na verdade era uma marca, Modess, que pode até sugerir modéstia.

Quem promove a ação

A iniciativa é financiada pela AHF Brasil, maior Ong de prevenção ao HIV/aids do mundo. O diretor, Beto de Jesus, diz que saúde pública também é uma prática cotidiana de redução de estigmas que têm impacto na vida de milhares de pessoas, como é o caso da pobreza menstrual.

As promotoras da ação são N´zinga – Coletivo de Mulheres Negras, organização feminista negra de Belo Horizonte, em parceira com a Associação Mineira de Educação Continuada (Asmeb), Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), Cria Preta, Por Elas – Instituto de Apoio a Meninas e Mulheres, e Renca Produções

PROGRAMAÇÃO

Domingo, 28/05, 9h30

Kilombu Manzo – Rua São Tiago, 216, Santa Efigênia (atividade interna).

Café da manhã com as meninas, adolescentes e mulheres do quilombo, com roda de conversa envolvendo lideranças locais sobre sangue, saúde, dignidade, seguida da distribuição de absorventes.

Segunda-feira, 29/05,15h00

Sede da Asmec – Rua Pouso Alegre, 854, Floresta.

Ciranda das Pretas: Pelo direito e garantia de proteção da saúde de todas as mulheres. Convidadas: Benilda Brito (N´Zinga), Andrea Ferreira (ASMEC), Kelly Cristina (Omin Wurá – Águas de Ouro), Rizzia Froes (Instituto Por Elas), Makota Celinha (CENARAB).

16h30 – Apresentação política cultural e lanche.

16h45 – Distribuição dos absorventes.

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Erlaine Grace
A paixão por escrever veio quando aprendi a ler meu nome e peguei num lápis pela primeira vez. A necessidade de registrar tudo em palavras existe muito antes de eu aprender no Jornalismo e em Letras , quais são os gêneros textuais e como são os formatos de cada texto. Atuei como Assessora de Comunicação na área cultural e trabalhei com o jornalismo impresso. Sou amante do rádio e aspirante da TV. No jornalismo on-line encontro a oportunidade de explorar todas as áreas da minha formação, agregando todos os formatos de mídia num só lugar. Para mim, a felicidade plena de um ser humano acontece quando ele tem a possibilidade de ser livre para ser o que nasceu pra ser, dando vida ao dom natural que cada um tem, e praticando o que vem da própria essência.