A 1ª Exposição de Arte e Feira de Economia Solidária promovida pelo Coletivo Kitanda Traz, aconteceu em Itacimirim, Camaçari, Litoral Norte da Bahia, nos dias 17 e 18 de junho.
O encontro foi mais uma ação da Rede Turismo Étnico Afro e Empreendedorismo de Negros e Mulheres- EMUNDE, através da Rota Afro Cultural da Lagoa da Paz, que estimula o afroturismo, afroempreendorismo e o empreendedorismo feminino como instrumento de desenvolvimento integrado e sustentável de Camaçari.
A proposta é incentivar a produção cultural de jovens, mulheres, indígenas, negros e negras, povos tradicionais de matrizes africanas para valorizar e dar visibilidade ao legado de saberes e experiências ancestrais.
Bolsas de palha de piaçava, colares e pulseiras de sementes, aquarelas, óleos corporais, produtos para banhos aromáticos, escalda pés, pomadas relaxantes, licor caseiro e cocadas foram alguns dos produtos vendidos na feira.
O coordenador da Rede EMUNDE, Edson Costa, agradeceu aos participantes, visitantes e a Mam’etu Elza de Matamba, do Inzo Nkisi Matamba Dilewi Filha, que sediou o evento.”É uma atividade que oferece alternativa de desenvolvimento, aquecimento econômico e circulação de moeda, geração de trabalho e renda, autoestima, reduz riscos sociais no território”, informou.
Além de ampliar as oportunidades de renda para os expositores, o evento promoveu o intercâmbio cultural com a apresentação musical de origem indígena, degustação de alwá, bebida africana utilizada em terreiros de candomblé, venda de livros com temáticas afro brasileiras e a divulgação da literatura de cordel, representada pela trovadora educadora Mestra Janete Lainha, de Ilheús. Nessa primeira edição, participaram 14 expositores de diversos municípios da Região Metropolitana de Salvador, além de Ilheús e Porto Seguro, no sul da Bahia, como Arinã, indígena Pataxó.
Para a coordenadora do evento, a aromaterapeuta e artesã Clau Menezes a intenção é promover ações que potencializem o trabalho dos produtores culturais e artesãos negros, negras e indígenas para preservar saberes e modos de vida que resistem e afirmam a identidade desses povos. “A ideia é realizar mensalmente esses encontros, dar apoio aos que não tem espaço para mostrar sua arte, não puderam vir pessoalmente, mas, estão aqui através de suas peças que acolhemos solidariamente para divulgar”, afirmou.
A Mam’etu Elza de Matamba, membro da Rede Afro Ambiental e da Rede EMUNDE, destacou a importância da valorização da diversidade e da preservação do patrimônio cultural brasileiro. “Algumas tradições vão se enfraquecendo, como a preparação e uso do alwá em terreiros, aqui procuramos difundir saberes, incentivar o respeito à diversidade e valorizar o trabalho de cada produtor, com sua criatividade e riqueza de conhecimento ancestral no uso de ervas medicinais, sementes, e aromas naturais. É um espaço de trocas simbólicas e de sobrevivência econômica. O artesanato, a gastronomia, a literatura, a aromaterapia e a moda dos povos tradicionais contam parte de nossa história, precisam ser preservados”, defendeu.
Nos dois dias, dezenas de artesãos, moradores, turistas e apoiadores da Economia Solidária em Itacimirim circularam no evento e os organizadores farão uma reunião de avaliação para planejarem as próximas atividades do Coletivo Kitanda Traz.