As iniciativas civis A(tua) Meriti e Nossa Meriti desenvolveram a Agenda Meriti 2030 com intenção de propor políticas públicas para a cidade de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, incentivando o desenvolvimento e buscando mudanças efetivas na qualidade de vida dos moradores.
São João de Meriti, que fica na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Tem cerca de 473 mil habitantes, quase 13 mil por quilômetro quadrado. Foi apelidada de Formigueiro das Américas por ser a cidade mais populosa da América Latina no quesito morador por metro quadrado. De acordo com o Censo do IBGE de 2022, ocupa o 3º lugar no ranking brasileiro, perdendo para Diadema e Taboão da Serra, do estado de São Paulo.
A população de São João enfrenta problemas ambientais, como enchentes e falta de saneamento básico. Segundo os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Maria Macedo e Leandro da Silva Gregório, o acelerado processo de urbanização e intensa taxa de ocupação da região, sem qualquer infraestrutura proporcional ao crescimento, interferiu na dinâmica ambiental e provocou impactos socioambientais e climáticos negativos.
Durante a pandemia de covid-19, devido aos problemas ambientais e à densidade populacional, o município chegou a ser considerado a cidade mais vulnerável do país para contaminação, segundo estudo da Fundação Perseu Abramo e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Políticas públicas para mudanças efetivas – e participativas
As políticas públicas foram um norte para os organizadores do projeto Agenda Meriti 2030. Através delas é possível solucionar problemas que afetam a população, pois são ações realizadas pelo poder público para garantir e colocar em prática direitos que são previstos em lei.
Na Agenda estão alguns eixos importantes para o desenvolvimento da cidade, como educação, saúde pública, cultura, meio ambiente e mobilidade urbana. A abordagem dos temas foi realizada a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), pensadas e adaptadas à realidade local.
A construção da Agenda foi realizada a partir do diagnóstico das problemáticas enfrentadas e das propostas de solução surgidas em reuniões presenciais e virtuais com lideranças e a população da cidade.
O eixo sobre cultura foi desenvolvido a partir do encontro com a Cia Cerne, companhia de teatro da cidade. No quesito mobilidade urbana, as propostas vieram a partir do debate com a Organização Observatório dos Trens, que promove pesquisas e mobilizações sobre acidentes ferroviários na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
O A(tua) Meriti e o Nossa Meriti, diretamente envolvidos na elaboração das propostas, são coletivos formados por moradores locais que buscam, através da comunicação e informação, valorizar o município.
Por isso, fazem cobranças aos governantes, mostrando que Meriti é maior do que os problemas, como muitas vezes pode ser retratado. Para eles, também é terra de esperança. Os coletivos organizam eventos, ações e conteúdos educativos, buscando implementar políticas públicas para repensar uma cidade melhor.
O que dizem os proponentes da Agenda Meriti 2030?
Vitória Rodrigues, mais conhecida como Vitorinha do SUS ou Vitorinha BXD, fundadora do coletivo A(tua) Meriti, diz que “a Agenda Meriti surgiu pra além de colocar luz nos problemas da cidade, fazer um movimento de propostas concretas para a solução deles”.
Segundo ela, “foi feita com a construção de muitas pessoas, de crianças até idosos, de moradores de Éden até Vilar dos Teles, pra fazer com que as pessoas tenham seus anseios revelados e resolvidos. A gente quer uma São João transparente, democrática e diversa, com política pública pra todo mundo e não apenas para alguns.”
Para Josué Matheus, membro do A(tua) Meriti, “o coletivo abraça a necessidade de inspirar São João. É uma cidade que a gente percebe que é esquecida, mas ninguém sabe o que precisa fazer para melhorar. A Agenda surge também para fazer isso. É uma construção nossa para repensar São João como um todo, além de educação e saúde, mas também segurança e lazer, cultura e mobilidade.”
O resultado do trabalho pode ser acessado através do ebook publicado nas redes sociais das iniciativas, com link no início desta reportagem. A ação teve apoio da Casa Fluminense.
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