Casa do Benin – Terreiro da literatura e cultura negra

A Casa do Benin, terá uma programação de  oficinas, lançamentos de livros, culinária, shows, recitais, entre outras atividades dentro do conograma da Festa Literária Internacional do Pelourinho Flipelô+, que acontece de 08 a 13 de agosto.

Nesta edição, a Flipelô+, homenageia a yalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. As atividades literárias e artísticas na festividade são uma realização da Prefeitura de Salvador, através da Fundação Gregório de Mattos.

A programação da Casa do Benin segue o lema “Nosso Tempo Agora”. “Queremos provocar reflexões, com intervenções artísticas e outras atividades focadas no aqui e agora, no presente, e que, ao mesmo tempo, possibilitem o trânsito entre o passado, a ancestralidade, a tradição, e o futuro, a vanguarda, o porvir. Vale pontuar que, ela foi uma das personagens que participou dos intercâmbios do projeto Bahia Benin, que levou a criação da Casa do Benin, em 1988”, declara Chicco Assis, diretor de patrimônio e equipamentos culturais da Fundação Gregório de Mattos.

35 Anos da Casa do Benin na Flipelô+ 2023 

Participa da Flipelô+ desde a primeira edição, em 2017, a Casa do Benin – que está em comemoração aos seus 35 anos, inclusive acaba de abrir a exposição Lapso Temporal, com 130 fotografias do Acervo Arlete Soares – traz uma programação predominantemente negra para a festa literária, com participações especiais do ator Jorge Washington e sua Culinária Musical, a egbomi Vovó Cici, a historiadora Vanda Machado, o poeta Lucas de Matos, entre outros. Tendo a memória de Mãe Stella como grande norte, as ações durante os seis dias buscarão evidenciar e valorizar a diversidade que há na literatura negra e a sua transversalidade com outras linguagens artísticas – a culinária, a poesia, a música, teatro, fotografia – e outros elementos das culturas afrodiaspóricas.

Localizada na encruzilhada. Pedir licença a quem é responsável pela comunicação se faz necessário. “Antes de Tudo Exu”, é com esse título que se inicia o primeiro dia da programação, 08 de agosto.

Conhecer o passado, para se fazer presente, e entender o futuro. O ponto de partida, a oralidade. Ocorrerá o bate-papo “Patrimônio é… – 35 anos da Casa do Benin: Memórias e Outras Perspectivas”, com a participação de Abiola Akande Yayi, Arlete Soares e Goli Guerreiro, a partir das 17h. Às 18:30h, o escritor e performer Nelson Maca, vai realizar o recital “Thank You Exu”, que terá participações especiais, com a apresentação de poemas, permeado de elementos visuais e sonoros, que trazem ao centro Exu, suas qualidades, funções e ambientes.

As atividades do dia 09 de agosto começam a partir das 11h com visitas mediadas pela exposição Lapso Temporal – Casa do Benin 35 anos, que ocorrerão durante todos os dias da festa.

Para a festa o rei da justiça, a Casa convoca artistas pretos da palavra para a a audiência pública poética “Afreketê: Ponto de encontro e articulação da cena literária negra e independente para reflexões, intervenções e elaboração de propostas de ocupação poética da Casa do Benin”. A mediação fica por conta de Nelson Maca.

O terceiro dia, 10 de agosto, é uma quinta-feira, de Oxóssi, “O Tempo de Okê Arô”. No cotidiano dos terreiros é fácil ouvirmos, “um bom aluno hoje, um bom mestre amanhã”. Sendo um espaço de intercâmbio da cultura afro diaspórica, a Casa do Benin realiza nos dias 10 e 11 “Do Silêncio ao Berro*: Oficina de Performance Poética”, com os escritores, poetas e performers da palavra Lucas de Mattos e Nelson Maca, destinada a 20 pessoas interessadas na leitura e performance de poesia, trazendo aspectos teóricos e práticos da escrita, leitura e interpretação.

As inscrições pelo perfil no Instagram @casadobenin ou pelo link a seguir linktr.ee/casa.do.benin.

Ainda na quarta, a Editora Organismo faz uma ocupação literária na casa com a realização de três mesas de debate: das 14h às 15h20, o tema é “A literatura negro-brasileira, entre amor e unguento?”, com o educador e poeta da literatura negra Josevaldo Santiago, a poetisa Anajara Tavares e mediação de Ari Sacramento; das 15h30 às 16h50, o bate papo é feminismo negro “Literatura de mulheres negras como feitiço”, com a mestra em estudos literários Juciane Reis e a professora e escritora Camila Carmo e mediação de Hildália Fernandes; a última mesa ocorre de 17h às 18h20, com o título “Milongas e ancestralidades negras no processo criativo literário”, com o escritor e compositor Lande Onawale, a poetisa Kota Gandaleci e Maria Dolores Rodriguez, na mediação.

O dia termina com apresentação da performance poética teatral, O Museu é a Rua!, a partir das 18:30h, do Grupo de Arte Popular A Pombagem.

No dia 11 de agosto, com o título “Funfun”, o equipamento cultural traz a oralidade e a palavra escrita para o centro. Pela manhã, a oficina de Literatura e Performance Negra. Pela tarde, o ator Alan Miranda convida colegas de cena para um bate-papo, das 14h às 15h20, sobre “Da Escrita ao Palco – o Stand Up Comedy como instrumento de letramento racial”.

A noite, a partir das 18h, a editora Malê realiza o lançamento dos livros “Estampas do Abismo”, da poeta Jovina Sousa, e “A Galinha Conquém”, da historiadora Vanda Machado, que através de palavras e ilustrações traz um conto que nos estimula a pensar sobre a boa convivência entre as pessoas e com o meio ambiente.

Além da sessão de autógrafos, as escritoras participarão de bate-papos com o público presente.

Sábado, 12, a Casa do Benin traz o lema diário “Para Todas as Ayabás, Para Todas Elas”. A Editora Organismo volta com a ocupação literária e bate-papos. O primeiro, às 10h, é “Contação de História em vozes negras”, com a escritora de literatura infantil Lorena Ribeiro, a doutora em arqueologia Jaqueline Santana e Fernanda Santiago, na mediação da mesa. Final da manhã, é momento de kudiar/comer, vamos ocupar a cozinha com a aula show Culinária Musical com Jorge Washington, que convida Vovó Cici e Marlene da Costa para ensinar a fazer um Mulukun, comida rito a Oxum.

Na tarde de sábado, às 15h ocorre o lançamento do livro ilustrado “Awon Ona Jagun – Narrativas de Mãe Carmen de Osaguian”, pela Editora Tecnomuseu, que em poesia conta algumas histórias da vida de yalorixá do Gantois, no desafio de “documentar” pilares e valores, e assegurar que os preceitos de matriz africana adentrem o futuro.

O livro é escrito por filhos de santo do terreiro, sendo eles Tanira Fontoura, Tiago Coutinho, José Ricardo Lemos e Rubens Caldas. A produção artística é do designer Breno Loeser.

Odé Kayodê, ficou à frente do Afonjá por mais de quatro décadas. Às histórias dela serão trazidas à tona a partir de memórias afetivas de seus sobrinhos, dos laços consanguíneos e religiosos, no encontro “Iyás Minhas Raízes – Mãe Stella de Oxóssi em Memórias de Família”, a partir das 16h, com os sobrinhos Thomazia Azevedo, Tereza Azevedo e Adriano Azevedo. Para finalizar o dia, de 18h30 às 20h, a banda A Mulherada fará um show.

Último dia, 13 agosto, depois de intensos dias de sabedoria, literatura e outras linguagens da cultura negra, das 12h às 17h, ocorre mais uma edição do Culinária Musical com Jorge Washington.

Será uma tarde de aula show, com apresentações musicais de Marcos Aragão e Banda, e a sambista Gal do Beco; e a poesia de Edinaldo Muniz e Sérgio Laurentino, ambos do Bando de Teatro Olodum. O Afrochefe vai preparar uma moqueca de carne seca, charque com farofa d’água e moqueca de banana da terra.

Em Collab com a Chef Mannu Bombom vai preparar um Xixim de Bofe especial. De quinta (10) a domingo (13), ocorre a Feira Olojá: Feira de Livros, Artesanias e Afetos – Ocupação Aláfia, das 10h às 19h.

Casa do Benin

Na encruzilhada que dá acesso ao Pelourinho, Taboão, Santo Antônio Além do Carmo e Barroquinha, um casarão branco nos lembra cotidianamente há 35 anos o intercâmbio sociocultural e político entre dois países, uma relação que é retomada entre os anos de 1986 e 1988, no projeto Bahia-Benin, encabeçado pelo então prefeito de Salvador na época, Mário Kertész, através da recente criada Fundação Gregório de Mattos (FGM).

Fluxo e refluxo, que deu origem à Casa do Benin, equipamento cultural inaugurado no dia 06 de maio de 1988. Dentro das comemorações, ocorre a exposição Lapso Temporal – Casa do Benin, 35 anos, com fotografias e documentos do Acervo Arlete Soares. Um chamamento imagético que reacende as relações Bahia-Benin.