Movimento SOS Buracão realizada protesto no Rio Vermelho

O “Movimento SOS Buracão” promoveu um ato público na Praia do Buracão, no Rio Vermelho, em Salvador, no último domingo (3). A mobilização reuniu barraqueiros, pescadores, moradores da região, entidades ambientalistas e outros coletivos urbanos em defesa do direito à cidade e da preservação do meio ambiente.

A manifestação movimentou o lugar com faixas, cartazes e uma instalação artística que demonstrou na areia da praia do Buração a extensa área de sombra que pode ser gerada com o avanço da ocupação imobiliária na Rua do Barro Vermelho.

Crédito: Claudia Correia

O coordenador do Grupo Ambientalista da Bahia- Gambá, Renato Cunha, denunciou as ameaças que a cidade enfrenta em várias áreas de proteção ambiental e a omissão da Prefeitura.

“Esse movimento é importante para que essa praia não seja destruída. Salvador está com essas ocupações indevidas na orla marítima, em toda a cidade e é preciso a gente se organizar, ficar bem articulado contra essa depredação que está tendo na cidade não é só aqui, como Praia do Flamengo, Stella Maris e vários outros problemas, o Gambá está firme nessa luta também”, afirmou.

As lideranças que se manifestaram no ato protestaram contra as alterações feitas no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano -PDDU de Salvador que permitiram a elevação do gabarito para construções na região, que já vem sendo ocupada por empreendimentos imobiliários de grande porte e restaurantes que ocupam parte da areia da praia.

Segundo os moradores, a luta contra a destruição do lugar é antiga e foi parar no Ministério Público do Estado há alguns anos. As principais reclamações são a poluição sonora, o trânsito desordenado, a sujeira que já prejudicam a vida da comunidade e o sombreamento da praia que poderá ocorrer com as novas construções previstas.

Desde 2016, Salvador vivencia conflitos desse tipo, após a aprovação da nova Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo (Louos), que estabelece as normas para altura dos prédios da orla da cidade. Os moradores de Stella Maris, presentes ao ato, também relataram danos ambientais na região, liberada para novos empreendimentos imobiliários que vem desmatando o local.

Projeção mostra sombras na praia do Buracão | Foto: S.O.S Buracão/Redes Sociais

Na mídia local a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) negou a existência de projeto multiresidencial aprovado para a área da praia do Buracão. O secretário João Xavier, da Sedur, informou em entrevista não saber da liberação para espigões, mas de um projeto que está sendo analisado.

O presidente da Associação de moradores do Barro Vermelho, Miguel Sehab denunciou a destruição do lugar. “Nós vivemos em paz com a natureza, a praia do Buracão ainda é um cantinho de preservação ambiental aqui na Bahia que tem que ser preservado, é um patrimônio não pode ser afetado por um bando de pessoas que a única coisa que pensam é a especulação imobiliária, é um absurdo! Para que construir uma torre de 18 andares? Qual a razão?”, questionou.

Luta nas redes

A associação de moradores do Barro Vermelho criou uma campanha no Instagram (@sos.buracao) para chamar a atenção contra a construção desse novo empreendimento, de 18 andares, com três torres e mobilizar a comunidade e os movimentos sociais.

De acordo com o grupo o meio ambiente sofrerá danos caso o empreendimento seja erguido. No comunicado publicado pela página da campanha, as construções representam infrações ao Plano Diretor de Salvador e aos parâmetros ambientais.

“O sombreamento da faixa de areia, além de sequestrar o sol e o lazer dos frequentadores, contribuirá para a proliferação de bactérias que hoje são, naturalmente, eliminadas com a presença do sol”, diz o comunicado.