Escritor Jessé Andarilho lança seu segundo livro hoje, obra de literatura infantil. FOTO: Chico Cerchiaro

Hoje, na Bienal do Livro Rio, haverá o lançamento de literatura infantil Cadu quer Brincar, segunda obra do escritor e roteirista Jessé Andarilho, que homenageia o amigo e cineasta Cadu Barcellos, morto há quase três anos em um assalto no centro do Rio de Janeiro.

Jessé relembra que a história contada no livro seria, inicialmente, um documentário dirigido por Barcellos. Mas, após a fatalidade, resolveu escrever o livro infantil e intitulá-lo com o nome do diretor de cinema.

A obra narra a jornada de um menino de favela, que bate de porta em porta chamando os amigos para jogar futebol. Mas o jogo é só uma grande desculpa para juntar a galera e brincar.

Quem é o autor?

Jessé da Silva Dantas, o Andarilho, nasceu no Rio de Janeiro, no Lins, e foi criado em Antares. Descobriu o amor pelas palavras aos 23 anos, lendo o livro Zona de Guerra, de Marcos Lopes.

Percebeu que poderia contar as próprias histórias e lançou seu primeiro livro, O Fiel. O escritor recorda que escreveu boa parte da obra no próprio celular, nos momentos em que se dirigia para o trabalho.

Para Jessé, a emoção de lançar o novo livro é grande, pois ainda não o viu finalizado com as ilustrações. Cadu quer Brincar será lançado com sessão de autógrafos no estande da editora Malê, no pavilhão verde. O evento deve começar 14 horas. O escritor conversou com a ANF.

Como avalia o lançamento na Bienal?

A gente está muito feliz com tudo isso, não só eu, mas uma galera. O Cadu era muito querido. Tem uma frase que ele dizia “cria não morre, vira a lenda”. Então, as lendas estão nos livros e a gente vai ter a história do cria Cadu eternizado na literatura.

Qual a importância do livro para crianças de periferia?

Esse livro poderia ser contado em qualquer lugar. Ele não fala de tiro, ele não fala de violência, ele fala de criança brincando na favela. Assim como tem criança que brinca na zona sul, no Leblon. É mostrar a importância da brincadeira, né? Quando aparece matéria na televisão e alguma criança morre, de bala perdida ou bala achada, aí as pessoas falam “mas o que essas crianças estavam fazendo na rua?”. Onde a gente mora não tem playground, tá ligado?

Qual sua opinião sobre a retirada dos livros didáticos impressos das escolas públicas em São Paulo, que afeta, principalmente, a periferia?

A quem isso interessa tirar o livro das nossas mãos? Hoje, os livros mais vendidos no país são os produzidos pela galera da periferia: o livro sobre o Racionais MCs, o livro do Geovane Martins, da Ludmila, da galera preta que tá aí, saca? Tá ocupando as prateleiras e, cada vez mais, a literatura identificada como marginal, ganha espaço.

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