Zona Norte de Aracaju: moradores lutam pela valorização da região periférica

Na Zona Norte de Aracaju tem forró, reserva natural, religiosidade, e outras opções de lazer e cultura. Só não tem a devida atenção e a valorização das riquezas sociais e culturais de bairros tradicionais como o Santo Antônio, o Bairro Industrial e o Bugio.

Bairros localizados na região periférica da cidade, onde concentra um potencial turístico em diferentes setores, atraindo turistas que buscam o não-convencional da capital, além de encantar os próprios moradores da região. 

Crédito: Livyan Holanda

A presença destes aspectos importantes é motivo de felicidade para a moradora da região, Thaylaine Nobre, que acredita na valorização da Zona Norte a partir de locais como este. “A presença de um Zoológico no Parque da Cidade reflete uma riqueza cultural e de informação.

Lá, nós encontramos informações detalhadas, como o nome do animal, a espécie, a família e a origem. Você vai ao parque para se divertir, mas também tem acesso a um nível significativo de informação. Então, a Zona Norte não é uma região que não tem nada. É um local que tem cultura, que tem o que oferecer à sociedade”, ressalta Thaylaine.

Crédito: Livyan Holanda

Apesar do orgulho em viver nessa área da cidade e dos atrativos, Thaylaine, critica a estrutura do local, a falta de preservação não só dos moradores e turistas, mas também dos governantes, que não valorizam e não produzem maneiras de realçar o potencial dos bairros da Zona Norte. 

Moradora do bairro Industrial na Orla do bairro Industrial sob Ponte Aracaju-Barra. Foto: Arquivo pessoal

Turismo na Zona Norte

Pedalando pelas ruas da cidade, a guia de turismo Anne Andrade, que utiliza da modalidade “bike tour” para apresentar a capital aos visitantes, conta que durante os passeios de “City Tour Histórico” ela cruza algumas ruas da Zona Norte, mais especificamente do famoso “B.I”, Bairro Industrial em seu trajeto. Dessa forma, ela aproveita para falar dos atrativos. “No caminho, vemos a Rua São João. A maioria dos turistas é do sul ou sudeste. Então, quando veem que tem um palanque para o pessoal dançar quadrilha, basicamente um quadrilhódromo, eles ficam encantados com aquilo. Porque é no meio de uma rua, os carros passam no dia a dia, mas quando é dia de festa, é fechado. E aí, eu explico realmente como funciona, que a rua toda é fechada, e o público fica em volta e consegue assistir à apresentação das quadrilhas no palanque”, conta a guia.

Rua São João em uma segunda-feira. Foto: Christian Silvestre

Um dos atrativos do “City Tour Histórico” destacado por Anne é a Colina do Santo Antônio, situada no bairro Santo Antônio. Com uma vista impressionante, o local atrai milhares de visitantes anualmente interessados em conhecer sobre sua relevância na história e religiosidade da cidade. Foi na Colina, que tem vista panorâmica de toda Aracaju e cidades adjacentes, que a transferência da capital de Sergipe foi oficializada. 

Mas, além da Colina, outro importante atrativo da Zona Norte de Aracaju oferece essa vista deslumbrante da cidade. O Parque Gov. José Rolemberg Leite, popularmente conhecido como “Parque da Cidade”, é outro cartão postal perfeito para quem quer ver a cidade do alto. 

Com espaço poliesportivo, zoológico, áreas para trilhas e até teleférico, o Parque da Cidade é um local de lazer, estudos e práticas esportivas. No entanto, ele também é especial por ser a única reserva de Área de Proteção Ambiental, APA, da cidade aracajuana, contendo assim, a APA Morro do Urubu. O atrativo está localizado entre os bairros Industrial e Porto D’antas.

Atrativo histórico-cultural de Aracaju. Foto: Christian Silvestre

Valorização da periferia

Tendo como objeto de estudo de pesquisa o potencial turístico do Bairro Industrial, a Turismóloga, guia de turismo e pesquisadora Larissa Zion busca destacar os fatores acerca desse case de sucesso da Zona Norte de Aracaju. Ela destaca que os turistas que visitam esses espaços não-convencionais do turismo aracajuanos saem encantados com o que conhecem e ajudam a movimentar a economia local.

Turismóloga Larissa Zion pesquisadora do Turismo na Zona Norte. Foto: Arquivo Pessoal

“Falando do Bairro Industrial, que é o meu objeto de estudo. Lá a gente tem o Centro de Artesanato Chicachaves. E aí é notório que quando os turistas chegam nesse espaço, eles acabam comercializando. Com isso também estimulam as artesãs, elas se sentem motivadas a continuar trabalhando. Então, gera um ganho financeiro para aquela localidade e aumenta a autoestima de quem produz”, diz Larissa.

E, apesar de Sergipe ser conhecido como o país do forró e ter neste bairro uma rua exclusivamente dedicada ao São João e sua tradição, outros tipos de arte são vistas e exploradas pelos visitantes. A pesquisadora destaca: “A gente tem um elemento cultural que é distinto para a sociedade aracajuana, e muitas vezes marginalizado, que é a cultura periférica. Então, o turista, a depender do perfil, ele acaba se encantando por essa arte que é manifestada nas paredes dos bairros da Zona Norte, por exemplo, nos grafites”.

Bem como destacado por Larissa Zion, concorda a baiana Laura Malaquias que reside na região metropolitana de Aracaju a cerca de 5 anos. Ela conta que visitou o atrativo da Orlinha, localizada no bairro Industrial duas vezes, mas foi no segundo encontro que ela observou o quanto aquele local guardava belezas, na paisagem e nas pessoas. “Eu levei minha irmã e foi muito bonito porque eu percebi que é um ambiente muito familiar, muito afetuoso. As pessoas estavam ou em trios ou em duplas trocando carinho mesmo. Também é um lugar muito agradável e aparentemente seguro, tipo, eu vi gente chegando do trabalho e deitando lá embaixo da árvore”, compartilha Laura.

Laura contempla a Orlinha do bairro Industrial. Foto: Arquivo Pessoal

Com tanto potencial turístico notado pelos moradores, profissionais do turismo e visitantes fica evidente que a Zona Norte é um polo importante para este setor da economia na capital de Sergipe. No entanto, é importante também destacar a necessidade de uma visão para esta região por parte dos governantes. 

“Para aumentar as chances de sucesso como destinos turísticos é preciso políticas públicas, que garantam infraestrutura básica, não só para o turismo, mas para as comunidades. Eu acredito que um turismo bom é um turismo justo e que inclua elas nesse processo para que o turista possa chegar e reconhecer a comunidade nessas ações de planejamento e consolidação do turismo”, afirma a turismóloga Zion.

Guia Anne é moradora da Zona Norte e mostra ela aos visitantes. Foto: Arquivo Pessoal

Lugares e Festas da Zona Norte de Aracaju:

  1. Arrastapé do 18 do Forte
  2. Centro de Artesanato Chica Chaves
  3. Colina do Santo Antônio
  4. Estádio Proletário Sabino Ribeiro
  5. Mercado Setorial Governador Miguel Arraes
  6. Orla do Bairro Industrial
  7. Orla do Porto D’antas
  8. Parque da Cidade
  9. Rua São João
  10. Shopping Aracaju Parque Shopping