Triscila Oliveira, artista preta e periférica de Niterói, no Rio de Janeiro, é coautora de Os Santos e Confinada, duas histórias em quadrinhos em parceria com Leandro Assis, que se colocam contra a desigualdade social, o racismo e o machismo. As criações estão sendo lançadas na CCXP, que termina hoje em São Paulo.
Desde 2015, ela atua na internet com ciberativismo de gênero, cor e classe, contra o machismo, o racismo e as desigualdades sociais. “Faço uma educação política sobre tudo que atravessa a gente e causa impedimentos na nossa vida.”
Intensamente atuante nas redes sociais, teve uma página derrubada por ataque de ódio, mas retomou neste ano. “Infelizmente, é muito necessário a gente continuar batendo nas mesmas teclas porque a gente teve alguns anos de obscurantismo, de muito retrocesso.”
Para a artista, esses passos atrás aconteceram “em sentido amplo, de conscientização coletiva, cidadania, exercício da humanidade”.
Na internet, procura fazer o que pode, dentro dos seus limites, para defender as causas em que acredita. “Sou preta, periférica, pobre, não tenho condições de fazer mais do que eu faço hoje”.
Mas faz bastante, como se pode perceber em duas obras lançadas na CCXP e na rápida entrevista abaixo:
Como você resumiria as obras lançadas na CCXP?
Elas tratam de todo esse abismo de preconceitos e privilégios que existe no Brasil.
E como é para uma mulher preta e periférica estar na CCPXP?
É o rompimento de barreiras. São tantos atravessamentos de raça, classe e gênero, que infelizmente a gente tem que transpor tudo de uma vez só.
O que você está sentindo nestes dias de evento?
É solitário e, ao mesmo tempo, libertador, porque muitas vieram antes de mim e abriram espaço para eu estar aqui. E eu estou abrindo espaço para outras que virão.
Tem mais sentimentos que você vem experimentando?
É muito reconfortante, muito importante estar neste espaço representando e outras pessoas se identificando, se relacionando comigo.
Como você define a internet?
Feliz ou infelizmente, não sei ao certo, a internet é o espaço em que a gente pode levantar as nossas vozes, a gente pode criar um espaço para falar o que a gente precisa e quer. Ela pode ser maravilhosa, mas um palco de muito ódio.
Continue acompanhando a cobertura da ANF, como foco na favela, na CCXP. Estamos cobrindo todos os dias do evento. Leia algumas matérias que publicamos:
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