No terceiro dia da 4ª Conferência Nacional da Cultura, o Ministério das mulheres organizou uma roda de conversa com trabalhadoras do setor cultural, com o objetivo de viabilizar atividades realizadas por fazedoras de cultura. O evento, intitulado de “Mulheres e Cultura”, aconteceu em parceria com o Ministério da Cultura (MinC), na última quarta-feira (6).
No debate, foram discutidos os principais desafios para as mulheres que trabalham no setor, os mecanismos governamentais que podem ser elaborados para fortalecer as atividades realizadas, e formas de estimular ações locais e regionais de práticas culturais.
A secretária nacional de cultura do Partido dos Trabalhadores, Viviane Martins, destacou a importância do investimento realizado por empresas estatais como forma de estimular a regionalização da cultura, principalmente em ações realizadas por mulheres. Em fevereiro deste ano, a Petrobras lançou edital para patrocínio de projetos culturais no Brasil, com valor de R$250 milhões, maior já destinado pela estatal para a área.
Na roda de conversa, a secretária extraordinária de Cultura do Rio Grande do Norte, Mary Land, também abordou o machismo nas relações de trabalho. As atividades da pasta, criada em 2023, eram desempenhadas pela Fundação José Augusto, cujo todos os coordenadores eram homens.
Segundo Land, quando designada ao comando da secretaria pela governadora do Estado, Fátima Bezerra (PT), foi questionada quanto à contratação de mulheres, por uma suposta ‘priorização’. De acordo com a secretária, “por que não causa estranhamento apenas homens serem contratados? Isso não é questionado. Não estamos priorizando, no fundo estamos apenas equiparando”.
Integrantes do Ministério das Mulheres ainda questionaram, durante a roda, a ausência de grupos e discussões específicas na 4ª CNC que atendessem aos interesses das mulheres. Em dura crítica, a chefe de divisão da Coordenação-Geral de Cultura da Secretaria Nacional de Articulação Institucional, Myrian Barboza, afirmou que o debate de políticas públicas sob perspectiva feminina “estão diluídas na Conferência, sem linhas específicas para as demandas das mulheres”.
Na atividade autogestionada, o Ministério também apresentou planejamento de ações transversais entre a pasta e o MinC, que buscam fortalecer o trabalho cultural realizado por mulheres de todo o país. Entre elas, a realização do Encontro Nacional de Mulheres de Cultura, em maio deste ano, e a construção de uma Política Nacional das Mulheres.