Comunidade Quilombola Onze Negras é território para a produção do documentário ficcional pernambucano, com a preparação de elenco infantojuvenil realizada a partir de oficinas no próprio quilombo. Burrama, filme pernambucano da comunidade Quilombola Onze Negras (município do Cabo de Santo Agostinho) com lançamento previsto para o ano de 2024, proporciona uma imersão sobre a preparação do elenco para o documentário ficcional.

Por meio de oficinas, as crianças e jovens que atuam como protagonistas compartilham as vivências de formação com as suas próprias mães, além da presença de pessoas adultas nos encontros, a partir das atividades preparatórias para o grupo das atuações.

Burrama, que transforma o que seria média-metragem para um longa, é de classificação livre, com 70 minutos de duração e foco no público infanto-juvenil. Todo o envolvimento é realizado, desde o mês de abril deste ano, no próprio território quilombola, com as pessoas que moram na localidade. As formações de arte têm o objetivo de realizar uma produção de sustentabilidade na cultura, no meio ambiente e na economia local. Até agora, seis oficinas de preparação de elenco já foram feitas na comunidade Quilombola Onze Negras ao longo de três meses.

Entre as formações já realizadas por artistas de Pernambuco estão Afrorecicle (autoria de Salamandra); Dramaturgias de autorreferência (autor Lucas Oliveira); Biopercussão (autora Siba Carvalho); Percussão (facilitador Felipe Francinha); Tranças e Penteados Afro (facilitadora Cora Fagundes); Danças afrodiaspóricas e regionais (facilitação por Giza Ramos), respetivamente.

“A preparação de elenco tem se intensificado, com as mães e demais adultos nesta imersão junto às crianças. Entre as pautas abordadas está a das religiões de matriz africana, sobretudo porque o filme ‘Burrama’ entra no debate sobre orixás e as crenças dos antepassados do povo quilombola”, explica Cora Fagundes, que além de oficineira é produtora executiva, roteirista e atriz do projeto, juntamente com o diretor cinematográfico, roteirista e ator Gil Paz.

Em agosto, dando continuidade à preparação do elenco do filme Burrama, uma nova oficina acontece na comunidade quilombola no Cabo de Santo Agostinho: “Ver-se em telas: oficina de fotografia e audiovisual com o celular”, com facilitação de Barretinho e Erlânia Nascimento.

O longa-metragem Burrama tem o financiamento da Fundarpe por meio do edital Funcultura Audiovisual 2021/2022. A maioria absoluta das pessoas que integram o projeto é negra e afroindígena. Além de Cora Fagundes e Gil Paz, a equipe técnica é formada por Bia Pankararu (diretora de produção – set-platô), Barretinho (diretor de fotografia e oficineiro), Gleyci Nascimento (1ª assistente de produção e 1ª assistente de direção), Iyadirê Zidanes (1ª assistente de arte e 2ª assistente de direção), Victor Limár (diretor criativo), Erlânia Nascimento (técnica de som direta, montadora/editora de vídeo e oficineira), Jota Gomes (designer), Kanada PX (mídias sociais), Daniel Lima (assessoria de imprensa), Lucas Oliveira (oficineiro e preparador de elenco), Salamandra (oficineira e produtora de objetos de cena), Siba Carvalho (oficineira), Felipe Francinha (oficineiro e musicista/trilha sonora) e Giza Ramos (oficineira e atriz).

História

Burrama usa a imaginação para fazer memória a partir de elementos documentais. As crianças quilombolas são as estrelas. Na obra, a Comunidade Quilombola Onze Negras é o cenário de uma jornada, celebrando a cultura afro-brasileira. O enredo explora a descoberta de histórias da comunidade pernambucana, a origem e os conhecimentos dos antepassados sobre o ser quilombola, por meio do olhar e da perspectiva das crianças de maneira lúdica, didática com os recursos de contação de história e também documental com depoimentos de moradores e moradoras da localidade. Burrama dá prioridade a talentos quilombolas, seja do Quilombo Onze Negras ou de outros territórios pernambucanos.