O Coletivo Vai Ter Gorda realizou um ato simbólico na Praça das Gordinhas, em Ondina, em homenagem ao Dia do Gordo. A ação reuniu Adriana Santos, Maria França, Telma Teodora e outras ativistas da luta antigordofobia
A iniciativa busca ressignificar a data e o adjetivo, que anteriormente carregava um significado cômico, ridicularizando a pessoa gorda. Hoje, projetos como o Vai Ter Gorda transformam a data em um dia de combate à gordofobia e de visibilidade gorda, indo às ruas para falar sobre mulheres gordas que se destacam em diversas áreas.
O projeto promove diálogos com olhares inclusivos, humanos e respeitosos sobre projetos de lei em conjunto com autoridades municipais, estaduais ou federais, para desconstruir a gordofobia estrutural. As ações de representatividade da história de mulheres gordas buscam inspirar outras jovens, até mesmo crianças.
É o que conta Adriana Santos, ativista contra a gordofobia. “Nossa primeira medalha de ouro na Olimpíada de Paris veio de uma mulher preta e gorda. Isso é uma representatividade que significa muito para a gente e muito para a sociedade, porque é um recado que a atleta está dando. Para crianças gordas que não se sentem representadas no esporte, para mulheres que possam realmente sonhar em ser algo e acreditar, batalhar, correr atrás por saber que tem a capacidade de estar lá, porque alguém já chegou lá, alguém inspirou”, diz, fazendo referência à conquista de Beatriz Souza no judô em Paris.
“A gente vem às ruas exatamente para celebrar essa data, comemorar o que está posto, os avanços, e fazer uma crítica também ao que ainda não avançou. Principalmente relacionado às questões de acessibilidade, mobilidade urbana na cidade e falta de empregabilidade para as mulheres gordas, porque muitas mulheres gordas têm capacidade técnica, científica e não têm a oportunidade”, completou.
As políticas públicas buscadas pelo projeto visam incluir e conscientizar sobre o respeito aos corpos gordos e à não violência física, psíquica, mental e emocional a essas mulheres, principalmente envolvendo a questão do transporte público. “Sempre a gente acompanha nos noticiários que há denúncias de mulheres que ficam presas na catraca, que se machucaram, e não é só em Salvador essa realidade”, destaca Adriana.
O Vai Ter Gorda luta por leis de celebração do Dia da Visibilidade Gorda e Combate à Gordofobia, representatividade em espaços culturais e assentos mais largos em cinemas e teatros. “Um tamanho que seja expressivo para todo tipo de corpo, porque a gente sabe que a questão da sensibilidade vai muito além da gordofobia, passa pelas pessoas que têm alguma deficiência física”, pontua a ativista.
“O coletivo vem para reafirmar a existência enquanto mulher gorda e pautar questões relacionadas à gordofobia estrutural, à gordofobia que é acentuada em cada área que ela está correlatada. É importante que haja esse diálogo para a gente tentar cada vez mais, é desconstruir o que está posto na sociedade e trazer um novo olhar sobre os corpos e as corporidades e suas interseccionalidades”, finaliza.