Desde que os portugueses pisaram aqui em 1500, o Brasil foi controlado pelas elites. Primeiro, dividiram a terra entre famílias poderosas e, ao longo dos séculos, esse poder só trocou de roupa, mas continuou na mão dos mesmos. Era terra, poder e influência tudo nas costas do povo.

Só em 1988, com a nova Constituição, a coisa melhorou um pouco. Antes disso, quem mandava era a turma dos coronéis, com seus “votos de cabresto”, controlando as pessoas na marra. Conquistamos direitos, como o voto de mulheres, negros, indígenas, e a democracia foi ficando mais parecida com o que deveria ser.

Mas, será que essa democracia tá funcionando mesmo? O poder ainda está nas mãos das elites, que antes o controlava pela força bruta. Agora, mantêm o controle com o uso do dinheiro e da mídia hegemônica, que escolhe o que a gente vai ver e ouvir. Ou seja, eles puxam o fio da história como querem, para manter a narrativa de auto promoção. Ao invés de mostrar os dois lados de forma justa, faz parecer que a esquerda e a direita são iguais, quando, na real, não são.

Soma-se à falsa simetria entre correntes ideológicas, o fato de que o povo só consegue enxergar os benefícios próximos a si: sua rua pavimentada, praça inaugurada ou reconstruída, meio fio pintado de branco e limpeza às vésperas das eleições. Não mira a disputa para o Congresso, onde vão desaguar mais ‘centrões’ e políticos que navegam conforme o cofre das emendas parlamentares.

Além disso, nosso sistema político tem várias armadilhas: partidos pequenos quase não têm chance, e quem tem o controle do dinheiro do fundo eleitoral manda nas campanhas. Com isso, a democracia fica parecendo mais um jogo de cartas marcadas, onde só uns poucos ganham de verdade.

Golpes e Crises Recentes
De 2016 pra cá, a coisa desandou ainda mais. O impeachment da Dilma Rousseff, por exemplo, foi um processo cheio de interesses escondidos. No lugar dela, entrou Michel Temer, que cortou direitos sociais e abriu as portas para o capital internacional. Depois disso, veio a Lava Jato, que, além de prender corruptos, foi usada para tirar o Lula da jogada e dar espaço para Jair Bolsonaro, que atacou a democracia e quase desmontou as instituições. O ápice disso foi a invasão de Brasília em janeiro de 2023, com gente destruindo o que restava da nossa confiança nas instituições.

Conclusão: A Revolução Continua
A verdade é que a revolução democrática no Brasil ainda tá longe de acabar. Mesmo com os avanços, ainda vivemos num sistema onde o poder continua concentrado nas mãos de poucos, e o povo, principalmente os mais pobres, continua marginalizado. Pra sair dessa, precisamos enfrentar de vez essa herança colonial e construir uma democracia que seja de verdade para todos.

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Valdeck Almeida de Jesus
Valdeck Almeida de Jesus é jornalista definido após várias tentativas em outros cursos, atua como free lancer, reconhecendo-se como tal há bastante tempo. Natural de Jequié-BA (1966), e escreve poesia desde os 12, sendo este o encontro com o mundo sem regras. Sua escrita tem como temática principal a denúncia: política, de gênero, de raça, de condição social, de preconceitos diversos: machismo, homofobia, racismo, misoginia. Coordena o movimento “Galinha pulando”, o qual pode ser visto no blog, no site e nas publicações impressas. Este movimento promove anualmente um concurso literário, aberto a escritores(as) do Brasil e do exterior. A poesia lhe trouxe o encantamento, mundos paralelos, as trocas, a autocrítica, a projeção de si e de outro(s), maior consciência de classe e de coletivo. Espera que as sementes plantadas se tornem árvores, florescendo e frutificando em solos assaz diversos. Possui 23 livros autorais e participa de 152 antologias. Tem textos publicados em espanhol, italiano, inglês, alemão, holandês e francês. Participa de vários coletivos da periferia de várias cidades, bem como de algumas academias culturais e literárias.