“Becos da Realeza”, audiovisual afropernambucano periférico autoral, da comunidade do Bode, bairro do Pina (Recife/PE), chega gratuitamente à tela no Cine Coliseu, do Sesc Casa Amarela, primeira exibição aconteceu no último dia 22/10 (terça-feira), às 20h, e no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, da Fundaj/Porto Digital (centro do Recife), será a próxima, no dia 25/10 (sexta-feira), às 19h30. Os ingressos são gratuitos (sujeito à lotação dos respectivos espaços).
O filme Barbarize — liderada por Bárbara Vitória (cantora, compositora e atriz) e YuriLumin (cantor, compositor, produtor musical e dançarino).
Além das exibições na tela grande, a obra também fica disponível no canal da Barbarize no YouTube (https://bit.ly/4fd4b5p). Este audiovisual híbrido (show-documentário com 53 minutos de duração), sob a direção do pernambucano Victor Limar, tem a parceria do selo Estelita, do Recife/PE, e o incentivo do Funcultura (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura), além da presença de artistas do interior de Pernambuco, como Ciel Santos (natural de Bezerros, Agreste), Jéssica Caitano (de Triunfo, Sertão) e Amun Há (radicada em Orobó, Agreste).
Na obra afrodiaspórica, Barbarize performa canções inéditas e músicas do primeiro EP da carreira. Nesta produção cinematográfica, de raiz periférica e da cultura preta, “Realezas se encontram nos becos”, com uma linguagem e performance afrofuturista unindo música, dança e teatro, além de ecoar mensagens de resistência, reconhecimento, pertencimento e valorização social.
“Pelas ruas da comunidade do Bode, no Pina, uma criança preta é guiada por uma figura mística para descobrir seus próprios talentos e história. Ao fundo se ouve: ‘É como um sorriso de criança/É como o som das manhãs/É pungente, é mangue, é coração/É mangue, é raça, é maternidade/É mangue, é resistência/ Movimente-se quilombo/ Realezas se encontram nos becos’. Assim começa o filme-show Becos da Realeza. É mais do que um registro visual”, conta a artista Bárbara Vitória, também conhecida como Babi.
Referência da arte e música afropernambucana autoral brasileira, Barbarize pensa o futuro das políticas públicas colocando a raça como narrativa principal.
“O que sai de dentro de um beco? Essência, pertencimento e resistência! Dos becos saem rainhas e reis, formando assim a realeza artística. É legado. Nesse sentido, ‘Barbarize – Becos da Realeza’ evidencia o protagonismo do povo preto a partir da própria história. Acreditamos que pautar a raça como elemento central é primordial para poder ajudar, de fato, a resolver as questões no Brasil, até porque a maioria das pessoas do país é negra”, enfatiza o artista YuriLumin.
No filme-show, as músicas do EP “SobreVivências Periféricas” (2021), álbum visual de estreia da carreira da Barbarize, também são encenadas com performances ao vivo e reproduzidas sonoramente.
“É importante falar sobre a essência a partir da continuidade. ‘SobreVivências Periféricas’ é a essência de Barbarize, com o seu resgate da memória, viva e continuada no ‘Becos da Realeza’, um manifesto de existência que ecoa além dos becos, sendo guia pelas vielas da inspiração e da resistência. A jornada Barbarize continua”, explica Bárbara.
No “Becos da Realeza”, Barbarize amplia a parceria com artistas de Pernambuco que representam a cultura afro, popular, periférica e a diversidade (LGBTQIA+). Jéssica Caitano (cantora, compositora, rapper, coquista, percussionista, poeta, declamadora, arte-educadora e ativista) e Ciel Santos (cantor, compositor, bailarino e ator) estão na performance da música “Meia-Noite”, e Amun Há (travesti não-binária, cantora, compositora, performer, atriz e arte-educadora) atua na faixa “Hit da Evolução”.
Vale destacar que na trajetória artística-cultural da Barbarize, Jéssica Caitano e Ciel Santos gravaram a faixa “Meia-Noite” (2023), e Amun Há na música/visualizer “Hit da Evolução” (2022). Ambas estão disponíveis nas plataformas digitais.
Além da dupla, Barbarize é também formada por Jéssica Jansen (produtora), Victor Marinho (coreógrafo e bailarino), Yara Medusa (coreógrafa e bailarina) e DeLiira (DJ).
“São muitos e muitas artistas se juntando para criar, de fato, algo autêntico e novo, sem o interesse de mostrar as mazelas que existem dentro de todas as comunidades. O foco é falar que as comunidades florescem de uma forma diferente no dia a dia, enquanto o poder público diminui e negligencia as comunidades”, comenta o diretor do filme-show, Victor Limar.
Projeção nacional
Barbarize já reúne vivências nacionais expressivas, alçando assim voos mais altos. Inclusive, nesta quinta-feira (24 de outubro), faz show em São Paulo, no SESC Pompeia, a partir das 21h30, pelo projeto Prata da Casa. A apresentação é gratuita.
Em São Paulo, este ano, “Barbarizou” em apresentação-entrevista no programa Cultura Livre, da TV Cultura. Além do mais, realizou pocket shows em casas noturnas.
Em 2024, Barbarize também se apresentou no Rio de Janeiro, fazendo história no Circo Voador. Na ocasião, abriu para o rapper, cantor e compositor Fabricio FBC, de Minas Gerais. Em seguida, foi para a região Norte do país, com show no 19º Festival Se Rasgum, em Belém (capital do Pará).