Imagem: Reprodução

Um território carregado de história e simbolismo cultural, a Pequena África, localizada na região portuária do Rio, foi tema de um inédito mapeamento realizado pelo Grupo L’Oréal no Brasil e o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS). O estudo realizado com 185 fornecedores locais revelou dados significativos sobre a dinâmica empreendedora da área: 71% dos negócios são liderados por mulheres, e 69% dos empreendedores se autodeclararam negros ou pardos.

A pesquisa tem como objetivo promover maior inclusão econômica na comunidade, além de valorizar e conectar pequenos negócios em um território de imenso valor histórico e cultural. A Pequena África, reconhecida como berço da cultura afro-brasileira desde o século XVIII, abriga o Cais do Valongo – local onde desembarcaram mais de 1 milhão de pessoas escravizadas no passado – e espaços de resistência e criação, como a Casa da Tia Ciata, onde o samba começou a ganhar forma. O nome “Pequena África” foi consagrado pelo sambista e compositor Heitor dos Prazeres e hoje resgata a memória de lutas, celebrações e heranças culturais da diáspora africana no Brasil.

Se no passado a região foi marcada por crimes humanitários, hoje a Pequena África – que abrange bairros como Saúde, Gamboa, Centro, Santo Cristo e Praça Onze – é símbolo de resiliência e criatividade, abrigando uma forte cena empreendedora. Os negócios locais incluem segmentos como produção de eventos, serviços de alimentação, educação, saúde, turismo, design e tecnologia, comunicação e marketing, entre outros. Com cerca de 62% deles voltados para áreas como artesanato, gastronomia, moda, arte, cultura, beleza e bem-estar. O estudo também revelou que para 75% dos empreendedores entrevistados, seus empreendimentos são a sua única fonte de renda.

“Nosso objetivo é garantir que a identidade e a memória da Pequena África sejam preservadas e fortalecidas, transformando-as em ativos que gerem renda e promovam a inclusão de seus moradores nos processos de desenvolvimento”, afirma Vandré Brilhante, presidente do CIEDS.

Helen Pedroso, diretora de responsabilidade corporativa e direitos humanos do Grupo L’Oréal no Brasil, destacou a importância de ações próximas às comunidades. “Nos dedicamos a trabalhar cada vez mais próximos às comunidades onde atuamos e a contribuir para o seu desenvolvimento. A Pequena África e toda a sua história, ancestralidade e inovação tem nos ensinado muito, e é nosso papel promover iniciativas que devolvam essa contribuição, promovendo um impacto positivo no desenvolvimento econômico dessa área”.

O levantamento é apenas o início de um plano mais abrangente para impulsionar o afro empreendedorismo na região. Os dados coletados serão transformados em ações concretas, e o mapa com informações detalhadas dos empreendedores será disponibilizado para empresas e instituições interessadas em estabelecer parcerias e criar oportunidades.

Além disso, os participantes da pesquisa serão convidados a integrar a plataforma Mover Negócios, uma iniciativa do Movimento pela Equidade Racial (MOVER), que reúne mais de 50 empresas comprometidas com a promoção da equidade racial e o apoio a empreendedores negros.