As artistas e arte-educadoras pernambucanas autorais Bubu, Inay e Mila realizam o circuito artístico “Empoderarte” para dar acesso às mulheres de todas as idades a respeito das artes de rua, pelas comunidades do Recife. Com oficinas gratuitas de graffiti, esta vivência artística urbana movimenta coletivamente 40 pessoas e quatro espaços culturais nas periferias da Capital: “Cores do Amanhã” (bairro do Totó), “Gris Solidário” (bairro da Várzea), “Revelar.si” (bairro do Coque), em parceria com o Ilé Asé Omó Obá Itotôfun (Coque), e “Coletivo Fala Alto” (bairro de Água Fria).

Confira o perfil da idealizadora Mila Barros @milabarrospinta bit.ly/4h1UhF5 e os perfis das arte-educadoras Bubu @buburban_ bit.ly/4atoquO e Inay @inay.dlx bit.ly/4aoea6Q

Em cada comunidade, uma pintura coletiva autoral é assinada pelas pessoas que estão vivenciando a “Empoderarte”, como um ato de manter viva e divulgar a cultura hip hop, o direito à cidade e o empoderamento feminino. A ação reúne dez pessoas por espaço cultural, totalizando 72 horas ao longo de oito encontros, sendo dois seguidos em cada comunidade. Vale destacar que as oficinas de graffiti são exclusivas para as pessoas das próprias comunidades envolvidas (sem a necessidade da abertura de inscrições).  

“Para além de compartilhar saberes artístico-culturais, nasce a ideia de empoderar e introduzir mulheres e meninas nas artes urbanas e cultura hip hop, como o graffiti (tema das oficinas). A Empoderarte é feita a partir das próprias referências, técnicas e da forma potente que a arte nos permite nos empoderar de nós mesmas”, explica a idealizadora Mila Barros, artista visual, grafiteira, produtora cultural e criadora do movimento “Mais Mães no Rolê”.

A partir da diversão do viver a vida, “Empoderarte – vivência artística urbana” faz a sua 1ª edição com o objetivo de reunir e consequentemente crescer a cena urbana feminina, de maneira coletiva. Além do mais, trazer o fortalecimento do diálogo com as artes periféricas e ancestrais, sempre pautadas pelas temáticas racial, social, de gênero, política, cultural e educativa.

“Trocamos e crescemos com muita cor, conhecimento e arte para compartilhar conhecimentos por meio dessa vivência, onde a força de outras mulheres é o que nos faz ainda maiores. Devemos mostrar sempre que essas mulheres existem e resistem, permitindo que as suas virtudes também influenciem outras mais e que sejam potências geradoras de novas artistas. Podemos sim aumentar o número de mulheres na cena artística urbana”, destaca Inay Victoria, travesti cria de Paulista/PE, do bairro de Maranguape, artista visual e grafiteira.

A busca durante esses encontros dentro das comunidades é pelo incentivar a participação feminina na cultura periférica e artística, possibilitando o acesso à cultura e ao lazer. Assim como abrir os caminhos para a economia criativa, visto que o graffiti e a arte urbana são ferramentas de autonomia e de geração de dinheiro.

“Queremos também por meio da arte e da cultura ampliar o conhecimento dessas mulheres, introduzindo técnicas artísticas que, além de potencializá-las, contribuem para a construção da identidade. A gente gera um debate artístico sobre a entrada e permanência de mulheres nas artes urbanas, assim como sua valorização e reconhecimento”, acrescenta Bubu, em atuação na cena do hip hop desde 2013.

A vivência tem o incentivo do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC), da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, da Secretaria de Cultura e da Prefeitura da Cidade do Recife. A sua estreia aconteceu em dezembro de 2024, no Totó, seguida por mais três realizações no mês de janeiro (Várzea – 09/01 – quinta-feira e 10/01 – sexta-feira); (Coque – 18/01 – sábado e 19/01 – domingo); (Água Fria – 23/01 – quinta-feira e 24/01 – sexta-feira).  

Denúncia

Horas após a pintura do mural na comunidade do Coque, exatamente no muro do Compaz, pessoas da própria localidade cobriram as artes produzidas pelas mulheres da “Empoderarte”. O caso foi denunciado publicamente, nas redes sociais, pelo Ilé Asé Omó Obá Itotôfun.

“Mas como nem tudo são flores, a gente vem aqui denunciar o ato de intolerância religiosa e vandalismo cometido por algumas pessoas que não suportam ver a nossa fé e arte. Reforçamos que intolerância religiosa é crime. Logo depois da conclusão da oficina, quase todas as artes, que nós dedicamos tanto para fazer e deixar nossa comunidade mais bonita, foram cobertas. Essa atitude desrespeita a nossa espiritualidade, a diversidade religiosa das pessoas da comunidade e o tempo que as participantes da oficina dedicaram para realizar a pintura. Não podemos tolerar porque corremos atrás dos nossos direitos. Vale destacar que tivemos autorização do próprio Compaz para fazer as pinturas”, diz a publicação, no perfil do Ilé Asé Omó Obá Itotôfun no Instagram @aseomoobabit.ly/3Ws1SVc.

Empoderarte nas comunidades do Recife (confira o circuito)

12 e 13 de dezembro de 2024 (quinta e sexta): “Cores do Amanhã” (bairro do Totó)

9 e 10 de janeiro de 2025 (quinta e sexta): “Gris Solidário” (bairro da Várzea)

18 e 19 de janeiro de 2025 (sábado e domingo): “Revelar.si” (bairro do Coque) + parceria com o Ilé Asé Omó Obá Itotôfun (Coque)

23 e 24 de janeiro de 2025 (quinta e sexta): “Coletivo Fala Alto” (bairro de Água Fria)

Observação: as oficinas de graffiti são para as pessoas das próprias comunidades envolvidas (sem a necessidade de abertura de inscrições)

Empoderarte – vivência artística urbana” (ficha técnica)

Idealizadora e arte-educadora: Mila Barros
Arte-educadoras: Bubu e Inay Victoria
Coordenação de produção: Palas Camila
Auxiliar de produção: Naara
Alimentação: Vânia Silva
Identidade visual: Idalice
Coordenadora de comunicação e fotografia: Thays Medusa
Assessoria de imprensa: Daniel Lima
Financeiro: Carla Barros
Produção local (“Gris Solidário” – Várzea): Joice Paixão
Produção local (“Revelar.si” – em parceria com o Ilé Asé Omó Obá Itotôfun): Layane Santos
Produção local (“Cores do Amanhã” – Totó): Naara
Produção local (“Coletivo Fala Alto” – Água Fria): Mari Periférica